A
18º edição do Porto Alegre em Cena se realizou entre 6 a 27 de setembro de
2011, foram inúmeros os espetáculos que desembarcaram na capital gaúcha, a cada
ano o festival ganha mais força e credibilidade, traz artistas de muito renome
do teatro mundial. E esse ano não foi diferente, conseguiu reunir em um mesmo
final de semana encenadores como Bob Wilson e Peter Brook e também uma montagem
de Medeia com uma roupagem inovadora.
O
PIBID Teatro da UFPel resolveu levar os seus bolsistas nesse mesmo final de
semana para o festival em Porto Alegre, visto a importância desses encenadores
para o teatro e também para a recepção teatral, pois ser espectador também é
uma forma de aprendizado.
Sexta-feira
dia 23 de setembro fomos ao teatro Bourbon Country para assistir a montagem
dirigida por Peter Brook “A Flauta Mágica”, ópera de
Mozart. De uma eficácia cênica comovente, o espetáculo
explicita o método de encenação de Brook, um dos maiores encenadores da
história do teatro, buscando a simplicidade absoluta de efeitos, reduzindo a
duração do espetáculo de quatro horas para uma hora e meia, sem que se perca
nenhum dos aspectos fundamentais da obra. Por ser um musical não gostei muito,
queria ver mais atores em cena e não cantores, logicamente que foi um
espetáculo diferente para mim, talvez por isso não curti, não estou acostumado
a assistir ópera, mas como um artista educador tenho que estar sempre aberto ao
novo, então achei de suma importância ter visto a “Flauta Mágica”.
Sábado dia 24 de setembro à tarde fomos ao parque Farroupilha assistir a
mais um espetáculo o “I- Mundo” do grupo porto alegrense “Mototóti”. O atores
Carlos Alexandre e Fernand Beppler interpretam Abs e Obs, dois seres de outro
mundo, que chegam em cortejo, com figurino e maquiagem exóticos e estranhos,
provocando curiosidade nas pessoas. Eles vivem em um planeta chamando I-mundo.
A peça é muito boa, os atores são ótimos, tem um domínio da platéia, por ser
teatro de rua os atores tem que saber prender a atenção do público e os dois
souberam fazer com excelência. Figurinos e maquiagens também foram marcantes na
encenação. O grupo está fazendo quatro anos de existência nesse ano e ao final
do espetáculo compartilharam alguns docinhos com o público presente e todos
cantaram parabéns.
Também fomos ver a exposição dos 50 anos do dramaturgo gaúcho Ivo Bender
que ocorreu no Centro Cultural CEEE Érico Veríssimo. Autor de peças que
marcaram a história do teatro feito em Porto Alegre, no Brasil e no Exterior
como “Sexta-feira das paixões”, “Queridíssimo canalha”, “Quem roubou meu
Anabela?” e outras. Foi muito bom ter conhecido um pouco da obra desse grande autor.
A noite foi à vez de irmos ao Teatro Renascença conferir a montagem de
Medeia. A célebre tragédia de Eurípedes conta a história da mulher traída por
Jasão que, para se vingar do homem que a desonrou, mata os dois filhos do
casal. A curiosidade vem da roupagem étnica da encenação, com um elenco de
atores africanos, embalados em canções tribalistas e oferecendo um espetáculo
de rara força cênica e encantamento. Saí do teatro encantado como aquela
encenação maravilhosa, atores excelentes, brilhantes, o cenário e figurinos
muitos simples, porém a atuação dos atores não deixaram a desejar em nenhum
instante. O continente africano estava presente em toda a montagem, penso que
talvez fosse o que mais chamou a atenção da peça, pois já ocorreram várias
montagens dessa tragédia e o que inovou foi justamente ter trago para a cena
elementos da cultura africana.
Domingo dia 25 de setembro, à tarde fomos prestigiar a 8º Bienal do
Mercosul que aconteceu no Santander Cultural. A oitava edição tem
como tema “Ensaios de Geopoética”, trata da
territorialidade e sua redefinição crítica a partir de uma perspectiva
artística. Os artistas por meio das obras discutem noções de país, nação,
identidade, território, mapeamento e fronteira sob os aspectos geográficos,
políticos e culturais.
A finalização dos
estudos aconteceu no Teatro São Pedro onde assistimos o artista mais aguardado
da 18º edição do Porto Alegre em Cena, Bob Wilson, atuando e dirigindo o
monólogo “A Última Gravação De Krapp”. O texto é de Samuel Beckett. Um espetáculo
belíssimo, com atuação magistral e iluminação incrível. Não é por acaso que Bob
Wilson é considerado um dos melhores encenadores da atualidade, além de
excelente diretor é perfeito como ator, tem um domínio técnico que impressiona
e sem dúvida o grande feito das suas montagens é a iluminação.
Posso dizer que só
por ter visto o Bob Wilson já valeu e muito ter ido ao Porto Alegre em Cena e
com certeza acrescentará para a minha formação, tanto acadêmica quanto artística.
Maicon Barbosa
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