Sobre o Projeto

O Programa Interinstitucional de Bolsas de Iniciação à docência (PIBID) é um programa do MEC, fomentado pela CAPES para o aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores para a educação básica. Na UFPel, desde 2010, o curso de Teatro está participando, juntamente com os demais cursos de licenciatura. Atualmente somos um grupo de 12 alun@s do curso de Teatro - Licenciatura da UFPel, bolsistas do PIBID - CAPES/MEC. Desenvolvemos ações específicas da área de teatro e projetos educacionais interdisciplinares, no momento, atuando em quatro escolas públicas parceiras do programa, em Pelotas/RS, orientados pelas professoras/es supervisoras/es das escolas e pelos coordenadores de área.

domingo, 23 de outubro de 2011

PoA Em Cena

No período de 23 a 26 de setembro estive em Porto Alegre com os meus colegas Pibidianos assistindo a espetáculos do Porto Alegre em cena, palestras e Exposições.




De espetáculos teatrais assisti: Une Flüte Enchantée com direção do Peter Brook.  Brook é diretor de teatro e de cinema e pelo seu trabalho se tornou um referencial para nós acadêmicos do curso de Teatro. A peça é uma ópera e os atores que naquele palco pisaram carregavam consigo uma preparação e expressão vocal sem igual, muito boa mesmo. O cenário contava apenas com varas de bambu que hora simbolizavam uma floresta, hora simboliza uma porta, entre outros símbolos que desempenhava.

Não sei se por se tratar de um diretor reconhecido, mas ao termino da peça eu tive a sensação de que ficara faltando algo, pois eu esperava mais da desta peça.   Talvez seja pelo fato de alguns elementos simbólicos que eles usaram durante a encenação não terem ficado claros para alguns espectadores ou ainda pelo fato de que eu demorei a entrar no jogo da peça, pois o começo, em minha opinião, não foi bom. Mas isso me fez perceber que mesmo grandes diretores como Peter Brook podem deixar algo a desejar nos seus trabalhos. No entanto não tenho dúvida de que estar como espectadora assistindo a este espetáculo é muito gratificante, pois pude ver na prática o trabalho de um diretor que eu conhecia até então apenas na teoria e por vídeos.

i-MUNDO do Grupo Mototóti é um espetáculo de rua onde atuam um ator, Carlos Alexandre e uma atriz, Fernanda Beppler , mas realmente esse trabalho dispensa mais atores, pois eles dão conta da representação muito bem. Este espetáculo se constrói a partir do trabalho do ator, e o deles é muito bom, que propõe uma série de reflexões sobre a humanidade e seu modo de vida. Os atores criam essa atmosfera a partir da participação do público que é convidado a intervir bem como pela comicidade que os atores conseguiram dar a essa temática.

i-MUNDO foi uma das peças que eu vi nesse evento que mais me trouxe reflexões além de ter me deixado com aquela sensação de satisfação por ver uma “simples” peça de teatro, porém com muita qualidade no que estava sendo mostrado.

     Sua Incelença Ricardo II – “Clowns de Shakespeare” direção do Gabriel Villela. É um espetáculo de rua também e foi muito divertido assistir. Essa encenação “carnavaliza” a ascensão e queda de Ricardo III, em sua trajetória de assassinatos e traições rumo à coroa da Inglaterra. A peça é ao ar livre, bem ao gosto do teatro elisabetano, numa montagem que une sarcasmo, humor e ironia. Os atores tinham um trabalho muito bom de interpretação, onde inclusive homens faziam papeis femininos e vice-versa. O que muito me encanta no teatro de rua é o fato de que como o grupo não dispõe de grandes recursos eles realmente precisam dar tudo o que um ator tem a oferecer a interpretação e sem duvida o grupo neste quesito não deixou nada a desejar.

Médée – Burkina Fasso espetáculo que possui somente atores negros com uma interpretação maravilhosa. O texto baseado na obra Medéia, de Eurípedes faz ligações com outros pontos como as guerras étnicas, o preconceito entre outros. O coro desempenha um papel belíssimo durante a peça cantando canções tribais.
Krapp’s Last Tape no palco Bob Wilson. Eu passei o final de semana esperando para assistir essa peça ver Robert Wilson que é um grande escritor, encenador e ator, que eu conhecia até então somente na teoria, pois o estudei em várias disciplinas da faculdade. A sensação de poder vê-lo atuando ali na minha frente foi algo magnifico. O espetáculo começa com um forte temporal e foi ai que eu percebi que ele realmente era bom no que faz! O barulho da chuva utilizado nas cenas era tão real que eu cheguei a sentir aquela sensação de frio que nós costumamos ter quando começa a chover e a cada estrondo de relâmpago que acontecia eu dava um pulo na cadeira onde eu estava sentada de tão real que era o estrondo. Realmente um ótimo espetáculo em todos os quesitos.

Palestra Eduardo Tolentino sobre o Grupo TAPA: 32 anos de teatro em grupo.

Eduardo Tolentino é o fundador do Grupo TAPA que começa a sua história no Núcleo de Ciências Sociais da USP em 1974 como um grupo amador e todos os integrantes eram universitários. Em 1978 todos estavam se formando e suas famílias começaram a pressioná-los. Então no ano de 1979 o grupo constitui uma firma para poder profissionalizar os atores e o primeiro espetáculo do Grupo foi uma peça infantil escrita pelo próprio Eduardo.

Segundo Eduardo nos três primeiros anos do grupo eles praticamente pagavam para trabalhar, pois não tinham qualquer recurso ou colaboração governamental para isso. O grupo já montou mais de 50 espetáculos, trabalham com a média de dois ou três por ano. Questionado sobre como se dava os processos de montagem, o Eduardo que é o diretor disse que varia muito, pois na montagem de Navalha na carne de Plínio Marcos eles utilizaram 15 dias para estar com a peça pronta para apresentações. Já na montagem de Megera domada, eles utilizaram quatro meses de ensaio, sendo que na maior parte desse tempo os atores não falavam só improvisavam e narravam sem som. Ele disse ainda que no processo todos colaboram desde o costureiro, no entanto quem escolhe os textos para as montagens é ele.

Achei muito legal poder assistir a palestra do Eduardo, pois estamos estudando grupos que fazem parte da história do Teatro brasileiro e o TAPA é um destes, então aproveitei muito está palestra.

Exposições – Tanto as partes da Bienal que eu consegui ver quanto à exposição sobre o Ivo Bender me decepcionaram. A Bienal as partes que eu consegui ver não me causaram nada muito forte a não ser nas salas que tinham vídeos com ruídos muito chatos que me correram dali. Pode ser exagero meu ou até mesmo a falta de habito de apreciar obras de arte, mas sai dali sem grandes sentimentos e provocações. Já a exposição sobre o Ivo Bender foi pequena, tinha alguns quadros com fotos da história e do trabalho dele, interessantes claro até por se tratar de um dramaturgo que faz parte da história do teatro em Porto Alegre, assim como da história do teatro brasileiro. Mas em minha opinião essa comemoração aos 50 anos merecia um destaque maior, pois ele reside na Capital gaúcha está sempre produzindo, já produziu textos que ficaram famosíssimos, no entanto fragmentaram sua história em poucos quadros.

De modo geral essas experiências de recepção foram muito valiosas tanto para o meu aprendizado como professora quanto para minha vida pessoal. Foi muito bom poder ouvir e assistir o trabalho desses diretores, encenadores e dramaturgos ali ao vivo, ou melhor, poder vivenciar esses momentos ter contato na “prática” com técnicas e metodologias que tu tanto ouves falar. Com certeza foi muito gratificante poder ter vivenciado todos esses momentos!

Bianca Ebeling Barbosa

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