De espetáculos teatrais assisti: Une Flüte Enchantée com direção do Peter Brook. Brook é diretor de teatro e de cinema e pelo seu trabalho se tornou um referencial para nós acadêmicos do curso de Teatro. A peça é uma ópera e os atores que naquele palco pisaram carregavam consigo uma preparação e expressão vocal sem igual, muito boa mesmo. O cenário contava apenas com varas de bambu que hora simbolizavam uma floresta, hora simboliza uma porta, entre outros símbolos que desempenhava.
Não sei se por se
tratar de um diretor reconhecido, mas ao termino da peça eu tive a sensação de
que ficara faltando algo, pois eu esperava mais da desta peça. Talvez seja pelo fato de alguns elementos
simbólicos que eles usaram durante a encenação não terem ficado claros para
alguns espectadores ou ainda pelo fato de que eu demorei a entrar no jogo da peça,
pois o começo, em minha opinião, não foi bom. Mas isso me fez perceber que
mesmo grandes diretores como Peter Brook podem deixar algo a desejar nos seus
trabalhos. No entanto não tenho dúvida de que estar como espectadora assistindo
a este espetáculo é muito gratificante, pois pude ver na prática o trabalho de
um diretor que eu conhecia até então apenas na teoria e por vídeos.
i-MUNDO do Grupo
Mototóti é um espetáculo de rua onde atuam um ator, Carlos Alexandre e uma
atriz, Fernanda Beppler , mas realmente esse trabalho dispensa mais atores,
pois eles dão conta da representação muito bem. Este espetáculo se constrói a
partir do trabalho do ator, e o deles é muito bom, que propõe uma série de
reflexões sobre a humanidade e seu modo de vida. Os atores criam essa atmosfera
a partir da participação do público que é convidado
a
intervir bem como pela comicidade que os atores conseguiram dar a essa
temática.
i-MUNDO foi uma das
peças que eu vi nesse evento que mais me trouxe reflexões além de ter me deixado
com aquela sensação de satisfação por ver uma “simples” peça de teatro, porém
com muita qualidade no que estava sendo mostrado.
Sua Incelença Ricardo II – “Clowns de
Shakespeare” direção do Gabriel Villela. É um espetáculo de rua também e foi
muito divertido assistir. Essa encenação “carnavaliza” a ascensão e queda de Ricardo
III, em sua trajetória de assassinatos e traições rumo à coroa da Inglaterra. A
peça é ao ar livre, bem ao gosto do teatro elisabetano, numa montagem que une
sarcasmo, humor e ironia. Os atores tinham um trabalho muito bom de
interpretação, onde inclusive homens faziam papeis femininos e vice-versa. O
que muito me encanta no teatro de rua é o fato de que como o grupo não dispõe
de grandes recursos eles realmente precisam dar tudo o que um ator tem a
oferecer a interpretação e sem duvida o grupo neste quesito não deixou nada a
desejar.
Médée – Burkina Fasso espetáculo que possui
somente atores negros com uma interpretação maravilhosa. O texto baseado na
obra Medéia, de Eurípedes faz
ligações com outros pontos como as guerras étnicas, o preconceito entre outros.
O coro desempenha um papel belíssimo durante a peça cantando canções tribais.
Krapp’s Last Tape no
palco Bob Wilson. Eu passei o final de semana esperando para
assistir essa peça ver Robert Wilson que é um grande escritor, encenador e ator,
que eu conhecia até então somente na teoria, pois o estudei em várias disciplinas
da faculdade. A sensação de poder vê-lo atuando ali na minha frente foi algo
magnifico. O espetáculo começa com um forte temporal e foi ai que eu percebi
que ele realmente era bom no que faz! O barulho da chuva utilizado nas cenas
era tão real que eu cheguei a sentir aquela sensação de frio que nós costumamos
ter quando começa a chover e a cada estrondo de relâmpago que acontecia eu dava
um pulo na cadeira onde eu estava sentada de tão real que era o estrondo.
Realmente um ótimo espetáculo em todos os quesitos.
Palestra Eduardo Tolentino sobre o Grupo TAPA: 32
anos de teatro em grupo.
Eduardo Tolentino é o fundador
do Grupo TAPA que começa a sua história no Núcleo de Ciências Sociais da USP em
1974 como um grupo amador e todos os integrantes eram universitários. Em 1978
todos estavam se formando e suas famílias começaram a pressioná-los. Então no
ano de 1979 o grupo constitui uma firma para poder profissionalizar os atores e
o primeiro espetáculo do Grupo foi uma peça infantil escrita pelo próprio
Eduardo.
Segundo Eduardo nos
três primeiros anos do grupo eles praticamente pagavam para trabalhar, pois não
tinham qualquer recurso ou colaboração governamental para isso. O grupo já
montou mais de 50 espetáculos, trabalham com a média de dois ou três por ano. Questionado
sobre como se dava os processos de montagem, o Eduardo que é o diretor disse
que varia muito, pois na montagem de Navalha
na carne de Plínio Marcos eles utilizaram 15 dias para estar com a peça
pronta para apresentações. Já na montagem de Megera domada, eles utilizaram quatro meses de ensaio, sendo que na
maior parte desse tempo os atores não falavam só improvisavam e narravam sem
som. Ele disse ainda que no processo todos colaboram desde o costureiro, no entanto
quem escolhe os textos para as montagens é ele.
Achei muito legal poder
assistir a palestra do Eduardo, pois estamos estudando grupos que fazem parte
da história do Teatro brasileiro e o TAPA é um destes, então aproveitei muito
está palestra.
Exposições – Tanto as
partes da Bienal que eu consegui ver quanto à exposição sobre o Ivo Bender me
decepcionaram. A Bienal as partes que eu consegui ver não me causaram nada
muito forte a não ser nas salas que tinham vídeos com ruídos muito chatos que
me correram dali. Pode ser exagero meu ou até mesmo a falta de habito de
apreciar obras de arte, mas sai dali sem grandes sentimentos e provocações. Já
a exposição sobre o Ivo Bender foi pequena, tinha alguns quadros com fotos da história
e do trabalho dele, interessantes claro até por se tratar de um dramaturgo que
faz parte da história do teatro em Porto Alegre, assim como da história do
teatro brasileiro. Mas em minha opinião essa comemoração aos 50 anos merecia um
destaque maior, pois ele reside na Capital gaúcha está sempre produzindo, já
produziu textos que ficaram famosíssimos, no entanto fragmentaram sua história
em poucos quadros.
De modo geral essas
experiências de recepção foram muito valiosas tanto para o meu aprendizado como
professora quanto para minha vida pessoal. Foi muito bom poder ouvir e assistir
o trabalho desses diretores, encenadores e dramaturgos ali ao vivo, ou melhor,
poder vivenciar esses momentos ter contato na “prática” com técnicas e metodologias
que tu tanto ouves falar. Com certeza foi muito gratificante poder ter
vivenciado todos esses momentos!
Bianca Ebeling Barbosa
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