Sobre o Projeto

O Programa Interinstitucional de Bolsas de Iniciação à docência (PIBID) é um programa do MEC, fomentado pela CAPES para o aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores para a educação básica. Na UFPel, desde 2010, o curso de Teatro está participando, juntamente com os demais cursos de licenciatura. Atualmente somos um grupo de 12 alun@s do curso de Teatro - Licenciatura da UFPel, bolsistas do PIBID - CAPES/MEC. Desenvolvemos ações específicas da área de teatro e projetos educacionais interdisciplinares, no momento, atuando em quatro escolas públicas parceiras do programa, em Pelotas/RS, orientados pelas professoras/es supervisoras/es das escolas e pelos coordenadores de área.

domingo, 23 de outubro de 2011

18º Porto Alegre em Cena


Festival Internacional de Artes Cênicas 2011
De 06 a 27 de Setembro

Sexta-Feira, manhã do dia 23 de setembro, programação: viajar para a capital do RS, Porto Alegre, para assistir obrigatoriamente a três espetáculos internacionais dentro da programação do Porto Alegre em cena, mais alguns espetáculos que se conseguir e de quebra, apreciar a 8ª Bienal do Mercosul.

Quem lê o termo “obrigatoriedade” pode até pensar que foi um sacrifício ter feito esta atividade programada pelo grupo de coordenadoras do Pibid Teatro da UFPel. Pois é... Mas não foi!

Na lista destes espetáculos, sem brincadeira, estão nada mais, nada menos que Peter Brook e Bob Wilson. Quase inacreditável, mas tive que ir a Porto Alegre, obrigada e ainda assistir consagrados e renomados nomes da encenação teatral contemporânea. Fala sério!
Paradas obrigatórias desta “sacrificante” tarefa:

Dia 23, sexta: UNE FLÛTE ENCHANTÉE – FRANÇA no Teatro do Bourbon Country

“A Flauta Mágica” é a encenação de Peter Brook para a célebre ópera de Mozart. Brook, um dos maiores encenadores da história do teatro, hoje com 86 anos, mostra no Brasil sua atual fase, onde optou trocar o glamour dos seus grandiosos espetáculos por pouquíssimos recursos cênicos, mostrando na atuação dos jovens atores, energia e emoção.

Para quem teve esta oportunidade de assisti-lo e não sabe da sua trajetória, jamais acreditaria que um dia ele resistiu às mudanças, trabalhando tradicionalmente e com formalidades.

Mas, mesmo com toda essa mudança, neste espetáculo ainda se percebe que usa os princípios que aprendeu ainda quando criança com sua professora de piano, o que determina todas as artes é estar ereto, alerta, humilde e sempre relaxado para a energia fluir.

Instintivo, Brook acha que o teatro é um encontro entre o poder de imitação com o de transformação chamado imaginação, que, sem efeito se não sair da mente para o corpo e foi o que vi no cenário, figurino e atuação de “Une Flüte Enchantée”, a imaginação fluindo.

Dia 24, sábado: MÉDÉE – FRANÇA/ ÁFRICA DO SUL no Teatro Renascença

Inspirado no texto do francês, poeta, escritor e dramaturgo Max Rouquette, o diretor Jean-Louis Martinelli monta em 2003 Medée, esta inspirada na “Medéia” de Eurípedes.

Originalmente escrita em um dialeto do sul da França, estréia em turnê pela África, o continente mais pobre do mundo. Mostrando suas realidades cotidianas, o espetáculo mostra Medéia, com uma célebre atuação da atriz, esperando Jasão em um acampamento para refugiados. Com todos os atores, a encenação e os elementos dos espetáculos africanos, vi uma Medéia nunca vista antes, mas confesso ter tido uma expectativa bem grande em torno da atmosfera pertencente ao espetáculo, justamente por se tratar de elementos Africanos, o que na minha humilde opinião não ocorreu. Desculpem os entendidos, pois tive impressões de algumas atuações não muito convincentes. Mesmo com minhas expectativas frustradas, sei que o que vale é a experiência e o novo, pois ele inspira e nos dá a chance de pensar e ter novas ideias.


Dia 25, domingo: KRAPPS LAST TAPE – no maravilhoso Theatro São Pedro

Em passagem exclusiva pelo Brasil, aquele que é hoje considerado e que para mim ficou visivelmente claro, o maior encenador teatral da atualidade. Com uma vasta experiência não é por nada que é conhecido como multiartista. Sonoplasta, performático, ator diretor, iluminador e encenador de grandes palcos artísticos, tanto de peças teatrais como de shows musicais. Alguns de seus trabalhos, como os vídeos portraits (vídeos-retratos) ele não interpreta, transfere esta tarefa para os outros. Acha que fixar um significado a um trabalho como este limita sua poesia e a possibilidade de outras idéias.

Robert Wilson dirigindo e atuando um excepcional monólogo de Samuel Beckett, onde o ator mantém um diálogo, uma conversação com a sua própria voz gravada há muito anos, faz uma performer de tirar o fôlego, pois a cada cena uma nova tensão e muita atenção, não me mecho, não posso perder nada, ironia, pois o espetáculo é todo feito num jogo lento de ações físicas, combinando estritamente os detalhes: movimento com  som, fala com poesia. Todo este contexto teatral me fez mergulhar do início ao fim e cada vez mais no espetáculo, não deixando e nem querendo deixar nada passar, foram 40 minutos de peça, uma revisão de quatro anos de curso.

Entre um “sacrifício e outro”, mais duas peças teatrais, estas em locais abertos no Parque da Redenção: Sua Incelença Ricardo III, contando a história de Willian Shakespeare de forma simplesmente engraçada e talentosa, conectando a Inglaterra ao Nordeste Brasileiro, através do rock inglês com o gênero musical nordestino, marcando o encontro dos talentos do grupo Clowns de Shakespeare com o encenador mineiro Gabriel Villela. O outro espetáculo que assisti chama-se I-Mundo, do grupo Porto Alegrense Mototóti, onde dois artistas mostram e fazem os espectadores refletirem de forma divertida sobre os rumos para onde nosso mundo caminha, e nosso papel dentro dessa movimentação.

Apesar de alguns pequenos imprevistos, como esquecer meu ingresso em casa, me atrasar, por estar assistindo a outro espetáculo, e assim chegar quando todos os lugares (não numerados e centrais) já estão ocupados e ter de sentar aonde enxergo apenas a metade das legendas. Apesar destes pequenos detalhes, (diante da grandeza da atividade) só tenho uma coisa a dizer: Esta foi a melhor experiência obrigatória que já tive, nem violenta nem agressiva, e assim vou levá-la para sempre, pois foi maravilhosa e inesquecível.

Obrigada coordenadoras do PIBID por esta obrigação necessária para minha formação.
Lucia Berndt

2 comentários:

  1. nem tudo que somos obrigados a fazer é ruim!!!!!! e por vezes achamos que é ruim no momento, mas depois percebemos a produtividade!

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  2. Concordo com você Lucia, foi uma das atividades obrigatórias mais prazerosas e gratificantes que já tive...

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