Festival Internacional de Artes Cênicas
2011
De 06 a 27 de Setembro
Sexta-Feira, manhã do dia 23 de setembro, programação: viajar
para a capital do RS, Porto Alegre, para assistir obrigatoriamente a três
espetáculos internacionais dentro da programação do Porto Alegre em cena, mais
alguns espetáculos que se conseguir e de quebra, apreciar a 8ª Bienal do
Mercosul.
Quem lê o termo “obrigatoriedade” pode até pensar que foi um
sacrifício ter feito esta atividade programada pelo grupo de coordenadoras do
Pibid Teatro da UFPel. Pois é... Mas não foi!
Na lista destes espetáculos, sem
brincadeira, estão nada mais, nada menos que Peter Brook e Bob Wilson. Quase
inacreditável, mas tive que ir a Porto Alegre, obrigada e ainda assistir consagrados
e renomados nomes da encenação teatral contemporânea. Fala sério!
Paradas
obrigatórias desta “sacrificante” tarefa: Dia 23, sexta: UNE FLÛTE ENCHANTÉE – FRANÇA no Teatro do Bourbon Country
“A Flauta Mágica” é a encenação
de Peter Brook para a célebre ópera de Mozart. Brook, um dos maiores
encenadores da história do teatro, hoje com 86 anos, mostra no Brasil sua atual
fase, onde optou trocar o glamour dos seus grandiosos espetáculos por
pouquíssimos recursos cênicos, mostrando na atuação dos jovens atores, energia
e emoção.
Para quem teve esta
oportunidade de assisti-lo e não sabe da sua trajetória, jamais acreditaria que
um dia ele resistiu às mudanças, trabalhando tradicionalmente e com formalidades.
Mas, mesmo com toda essa
mudança, neste espetáculo ainda se percebe que usa os princípios que aprendeu ainda
quando criança com sua professora de piano, o que determina todas as artes é
estar ereto, alerta, humilde e sempre relaxado para a energia fluir.
Instintivo, Brook acha que o
teatro é um encontro entre o poder de imitação com o de transformação chamado
imaginação, que, sem efeito se não sair da mente para o corpo e foi o que vi no
cenário, figurino e atuação de “Une Flüte Enchantée”, a imaginação fluindo.
Dia 24, sábado: MÉDÉE – FRANÇA/ ÁFRICA DO SUL no Teatro Renascença
Inspirado
no texto do francês, poeta, escritor e dramaturgo Max Rouquette, o diretor
Jean-Louis Martinelli monta em 2003 Medée, esta inspirada na “Medéia” de
Eurípedes.
Originalmente
escrita em um dialeto do sul da França, estréia em turnê pela África, o
continente mais pobre do mundo. Mostrando suas realidades cotidianas, o
espetáculo mostra Medéia, com uma célebre atuação da atriz, esperando Jasão em
um acampamento para refugiados. Com todos os atores, a encenação e os elementos
dos espetáculos africanos, vi uma Medéia nunca vista antes, mas confesso ter
tido uma expectativa bem grande em torno da atmosfera pertencente ao
espetáculo, justamente por se tratar de elementos Africanos, o que na minha
humilde opinião não ocorreu. Desculpem os entendidos, pois tive impressões de
algumas atuações não muito convincentes. Mesmo com minhas expectativas
frustradas, sei que o que vale é a experiência e o novo, pois ele inspira e nos
dá a chance de pensar e ter novas ideias.
Dia 25, domingo: KRAPPS LAST TAPE – no maravilhoso Theatro São Pedro
Em passagem exclusiva pelo Brasil,
aquele que é hoje considerado e que para mim ficou visivelmente claro, o maior encenador
teatral da atualidade. Com uma vasta experiência não é por nada que é conhecido
como multiartista. Sonoplasta, performático, ator diretor, iluminador e
encenador de grandes palcos artísticos, tanto de peças teatrais como de shows
musicais. Alguns de seus trabalhos, como os vídeos portraits (vídeos-retratos)
ele não interpreta, transfere esta tarefa para os outros. Acha que fixar um
significado a um trabalho como este limita sua poesia e a possibilidade de
outras idéias.
Robert Wilson dirigindo e atuando
um excepcional monólogo de Samuel Beckett, onde o ator mantém um diálogo, uma
conversação com a sua própria voz gravada há muito anos, faz uma performer de
tirar o fôlego, pois a cada cena uma nova tensão e muita atenção, não me mecho,
não posso perder nada, ironia, pois o espetáculo é todo feito num jogo lento de
ações físicas, combinando estritamente os detalhes: movimento com som, fala com poesia. Todo este contexto
teatral me fez mergulhar do início ao fim e cada vez mais no espetáculo, não
deixando e nem querendo deixar nada passar, foram 40 minutos de peça, uma
revisão de quatro anos de curso.
Entre um “sacrifício e outro”,
mais duas peças teatrais, estas em locais abertos no Parque da Redenção: Sua Incelença Ricardo III,
contando a história de Willian Shakespeare de forma simplesmente engraçada e
talentosa, conectando a Inglaterra ao Nordeste Brasileiro, através do rock
inglês com o gênero musical nordestino, marcando o encontro dos talentos do
grupo Clowns de Shakespeare com o encenador mineiro Gabriel Villela. O outro espetáculo
que assisti chama-se I-Mundo, do grupo Porto Alegrense Mototóti, onde dois artistas mostram
e fazem os espectadores refletirem de forma divertida sobre os rumos para onde
nosso mundo caminha, e nosso papel dentro dessa movimentação.
Apesar de alguns pequenos
imprevistos, como esquecer meu ingresso em casa, me atrasar, por estar
assistindo a outro espetáculo, e assim chegar quando todos os lugares (não
numerados e centrais) já estão ocupados e ter de sentar aonde enxergo apenas a
metade das legendas. Apesar destes pequenos detalhes, (diante da grandeza da atividade)
só tenho uma coisa a dizer: Esta foi a melhor experiência obrigatória que já
tive, nem violenta nem agressiva, e assim vou levá-la para sempre, pois foi
maravilhosa e inesquecível.
Obrigada coordenadoras do PIBID
por esta obrigação necessária para minha formação.
Lucia Berndt
nem tudo que somos obrigados a fazer é ruim!!!!!! e por vezes achamos que é ruim no momento, mas depois percebemos a produtividade!
ResponderExcluirConcordo com você Lucia, foi uma das atividades obrigatórias mais prazerosas e gratificantes que já tive...
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