Sobre o Projeto

O Programa Interinstitucional de Bolsas de Iniciação à docência (PIBID) é um programa do MEC, fomentado pela CAPES para o aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores para a educação básica. Na UFPel, desde 2010, o curso de Teatro está participando, juntamente com os demais cursos de licenciatura. Atualmente somos um grupo de 12 alun@s do curso de Teatro - Licenciatura da UFPel, bolsistas do PIBID - CAPES/MEC. Desenvolvemos ações específicas da área de teatro e projetos educacionais interdisciplinares, no momento, atuando em quatro escolas públicas parceiras do programa, em Pelotas/RS, orientados pelas professoras/es supervisoras/es das escolas e pelos coordenadores de área.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Ciclo de palestras com Nara Kaisermann.


Em 2008, durante o 1º Festival de Teatro Universitário de Pelotas, os alunos da primeira turma do curso de Teatro da UFPEL tiveram a oportunidade de participar da oficina ministrada pela professora Nara Kaiserman, convidada do Festival. A oficina proporcionou a experimentação de técnicas de improvisação corporais, apontando possíveis caminhos para o processo de criação do ator. Em agosto de 2011, novamente Nara Kaiserman, que é professora da Escola de Teatro da UNIRIO, esteve em Pelotas a convite do curso de Teatro, dessa vez, para o primeiro encontro do Ciclo de Palestras do PIBID – Área de Teatro.
Durante o encontro, Nara compartilhou, com os alunos presentes, um pouco do processo de pesquisa realizada por ela em Portugal, junto a CIA DO CHAPITÔ, grupo teatral de Lisboa que trabalha com o Teatro Físico. Nara, que acompanhou de perto ensaios da CIA, conta que o processo de criação do grupo se dá a partir de personagens surgidos de improvisações. Através da utilização de figurinos e acessórios, inclusive de maneira extra-cotidiana, o jogo improvisacional é feito basicamente entre atores, diretor e objetos cênicos. O grupo privilegia a utilização do “pensamento” físico-corporal para dar vida a personagens e narrativas. Nara fala sobre a riqueza da motivação dessa natureza, utilizada no Teatro Físico, para o processo criativo do ator, para muito além de motivações psicológicas.
Nara abordou a relação do Teatro Físico com Meyerhold e a Biomecânica. Diz que uma das premissas do Teatro Físico é o desenvolvimento da capacidade autoral do ator, a capacidade de construir composições corporais próprias para seus personagens. Lembra que essa questão foi levantada primeiramente por Meyerhold, quando falava sobre a necessidade do ator ser um operário e quando falava em trabalho no teatro, referindo-se ao trabalho físico do ator.
 Diz que Meyerhold também foi o primeiro a falar sobre a relação com o espectador e que pretendia alcançar o espectador pela corporeidade, assim como o Teatro Físico. Ela fala que a descoberta do ritmo dos movimentos a partir da biomecânica é uma premissa do Teatro Físico, que os estudos da biomecância criaram as condições necessárias para o surgimento do Teatro Físico. Ela vê em Meyerhold, uma atualidade pouco reconhecida lembrando que ele foi também foi o primeiro a falar sobre atores que sabem mexer o corpo, mas não sabem pensar.
Tratando dessa corporeidade essencial para o Teatro Físico, Nara citou alguns autores que pesquisaram o corpo e o movimento. Autores que influenciaram a evolução do trabalho físico do ator. Nara cita Étienne Decroux, considerado o pai da mímica moderna, como uma grande influência do Teatro Físico.  Fala ainda sobre a influência de Delsarte, um dos precursores da dança moderna através da relação que ele estabelece entre corpo e alma, onde a dança passa a ser guiada pela alma, menos racional e mais instintiva. Cita Laban, falando sobre os passos que propõe para anteceder o movimento: ATENÇÃO, DECISÃO, INTENÇÃO E CONTATO. Aqui Nara sugere que os alunos pesquisem sobre Educação Somática, que propõe essa aproximação entre o Pensar e o Agir, onde Agir é Pensar. A educação somática diminui a distância entre uma coisa e outra, anula-as, entendendo que as duas se dão simultaneamente.
Falou também sobre o conceito de corpo dilatado, presente em Eugênio Barba: “o corpo dilatado é a pele dilatada, a pele que se desfaz, mesmo que a certa distância do outro ator, nossa voz, nossa pele, chega lá no outro”. Aqui também citou o filósofo e ensaísta português, José Gil, que trata sobre o corpo e o espaço, movimentos, agenciamentos, para dizer “quando a pele do ator se espalha no espaço é que o ator ocupa o espaço”.
No encontro com a Nara, apontaram-se caminhos para o trabalho do ator compositor, assim como propôs Meyerhold– o ator operário, na exploração de um Teatro mais corpóreo, mais próximo do Teatro Físico. E também caminhos pedagógicos para os futuros professores de Teatro, através da lógica que a Educação Somática propõe, trabalhando com o pensamento físico-corporal misturado ao mental, rompendo com a separação entre corpo e mente. Assim Nara produziu agenciamentos nos nossos desejos de vivenciar mais um encontro prático com ela, como em 2008. Ficando aqui então a sugestão para uma próxima oportunidade de tê-la aqui em Pelotas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário