"Ação e alteridade como princípios para a criação da personagem"
Célida Salume Mendonça (UFBA)
Célida Salume Mendonça (UFBA)
Síntese:
O artigo fala sobre a criação do personagem através da ação, tendo como propulsor a alteridade; criação essa que surge a partir do jogo, tornando a ação algo mais orgânico. Fugindo de modelos pré-estabelecidos de interpretação/atuação, esta forma de criação de personagem tenta ir além da construção psicológica da representação. A autora utilizando como base teórica Jean-Pierre Ryangaert, afirma que estas técnicas podem se tornar um obstáculo para a criação da personagem.
Ao se tratar de alteridade, Mendonça frisa a importância do trabalho coletivo na criação da personagem, e com isso a criação da cena, tornando o jogo uma troca de conhecimentos, em que os jogadores não lutam uns contra os outros, e sim todos juntos na construção de uma ação. Vemos então a importância do jogo na construção da cena, que surge a partir de uma ação originada juntamente com a criação da personagem.
Na tentativa de fugir do cabotinismo, neste processo de criação da personagem, deve ficar evidente a educação do processo de audição do que está sendo dito, que está relacionado com a qualidade da presença cênica do ator no palco, ator este que deve estar preparado para ações imprevisíveis, não ensaiadas previamente.
Por final, vemos que este método é utilizado por grupos de teatro, assim como por professores dentro da sala de aula, por mais que a dificuldade seja mais intensa nos ambientes formais de aprendizado. E que somente a partir do jogo com o outro é que se terá uma personagem de qualidade.
Comentários:
De maneira geral, vejo os conteúdos apresentados por Célida Mendonça de extrema qualidade para o trabalho do ator, porém não vejo uma fundamental importância de se trabalhar esta técnica dentro da escola, no processo de educação. Até porque, o profissional do teatro não está dentro da escola apenas para criar peças teatrais e muito menos novos atores, que saiam formados da educação básica como atores profissionais.
Assim como a autora utilizou-se de diversos exemplos de dramaturgos/encenadores que utilizam desta técnica no processo de criação em seus grupos vejo que esta técnica se identifica mais com aqueles que buscam o treinamento de ator dos indivíduos e não para educação do teatro para não atores.
Em meu trabalho prático de ator utilizo destes princípios abordados pela autora, mas não necessariamente são estas formas de trabalhar/educar os indivíduos que irei utilizar. Talvez esta utilização se torne necessária em um processo de trabalho mais avançado com um determinado grupo de alunos dentro de uma escola onde haja a necessidade, proveniente dos alunos, de um trabalho de ator mais aprofundado e direcionado.
Porém, mesmo não concordando plenamente com a maneira de utilização desta forma de trabalhar julgo o artigo de grande valor teórico pois ele instiga o ator a querer ir mais além do que está sendo apresentado pela autora
Por Murilo Furlan
Referência:
Artigo
publicado nos anais do VI Congresso Abrace, 2010. Disponível no site
Memória Abrace – Congressos – GT Pedagogia do Teatro e Teatro na
Educação. Acesso dia 22/11/2012 no link:
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