Sobre o Projeto

O Programa Interinstitucional de Bolsas de Iniciação à docência (PIBID) é um programa do MEC, fomentado pela CAPES para o aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores para a educação básica. Na UFPel, desde 2010, o curso de Teatro está participando, juntamente com os demais cursos de licenciatura. Atualmente somos um grupo de 12 alun@s do curso de Teatro - Licenciatura da UFPel, bolsistas do PIBID - CAPES/MEC. Desenvolvemos ações específicas da área de teatro e projetos educacionais interdisciplinares, no momento, atuando em quatro escolas públicas parceiras do programa, em Pelotas/RS, orientados pelas professoras/es supervisoras/es das escolas e pelos coordenadores de área.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

10º Poder Escolar

“VAI VALER A PENA TER AMANHECIDO 




O 10º Poder escolar, realizado nos dias 10, 20, 21 e 22 de julho, reuniu mais uma vez professores, estudantes, pais e profissionais da educação em geral em um diálogo com vistas para uma educação escolar melhorada. O evento ocorreu no Theatro Guarany com algumas atividades nos campi I e II da UCPEL e trouxe presenças brilhantes como o professor Mário Sérgio Cortella, da PUC – SP e o professor e psicanalista José Auterial. Cortella proporcionou aos participantes uma brilhante reflexão, logo após a abertura do evento, sobre o poder da educação e sobre o que é ser professor. Falou-nos, entre outras questões, sobre o comodismo de alguns professores diante do sistema e sobre a postura de alguns professores de acharem que são detentores do saber, e, ainda, sugeriu-nos refletir sobre algumas questões como: Porque somos professores? Porque os professores se aposentam e voltam ao trabalho? Porque escolhemos a carreira docente, mesmo sabendo das más condições enfrentadas pelos profissionais da educação? O que nos motiva a entrar na profissão? Cortella nos deixa claro a importância de refletir sobre nossa prática diária como professores e sobre a busca pela renovação, a qual devemos estar abertos sempre.
Neste primeiro dia de encontro, à tarde, tivemos a oportunidade de apreciar as mesas de apresentações de experiências e pesquisas, nas quais foram apresentados trabalhos desenvolvidos por profissionais da educação nas diversas áreas, tendo sido apresentados diversos trabalhos durante a tarde de segunda e terça - feira, oferecendo-nos a chance de observar e aprender com diversas experiências práticas em educação, além da participação em discussões promovidas pelos participantes a cerca de questões sobre arte – educação, por exemplo, nas mesas que participei.
Ao final do dia os participantes tiveram a oportunidade de assistir ao filme “Quem quer ser um milionário”, em que puderam observar várias questões relacionadas à educação, como o ensino informal – será que só se ensina na escola? – e fazerem muitas reflexões a  partir da história do menino Jamal.
No dia 20 de julho, terça-feira, as atividades foram abertas com o painel “As múltiplas faces do ensinar”, no qual professores relataram suas experiências na carreira docente e colocaram algumas questões como: agir hoje pensando no futuro; pensar o aluno como sujeito de conhecimento; pensar o aluno como agente de cultura; agir não como o detentor do saber; pensar no modo como ensinamos, pois ele reflete o que somos; desacomodar-se e fazer-se pensar; aproveitar a bagagem dos alunos; estar inteiro em sala de aula.
Na quarta – feira, 21, fez-se presente no Theatro “A voz dos estudantes”. A mesa trouxe ao evento estudantes de diversas escolas estaduais do município para falar da realidade que enfrentam nas suas escolas. Os alunos passaram por uma preparação em que tiveram o acompanhamento de uma comissão de professores. Os alunos expuseram os problemas da escola e o que gostariam de ter na escola.
Entre os problemas encontrados estão por eles estão professores estressados que tentam impor sua autoridade por meio de gritos; professores que faltam às aulas; conselho de classe apenas com a voz dos professores. E Pra que levar os alunos lá então?
Quanto a escola que gostariam de ter, ela deve possuir características como  acompanhamento psicológico; adaptações para portadores de deficiências; maior acompanhamento aos professores por parte da direção; queda do mapa da sala de aula.
Um ponto interessante a ressaltar é que os alunos presentes se reconhecem como sujeitos de muitos estresses em sala de aula, mas também ressaltam as atitudes daqueles professores que trazem seus problemas de casa ou fazem o que bem entendem por falta de acompanhamento da direção e/ou por falta de consciência das suas atitudes. Os alunos ainda mostram a consciência da necessidade de diálogo e cooperação entre escola e comunidade. Tivemos a oportunidade de ver neste painel um raio-X da realidade escolar. Percebemos que a mudança acontece com ambos os lados juntos e cada um responsável pela sua parte.
Para encerrar a manhã tivemos a oportunidade de assistir ao painel “Fronteiras da diversidade: escola e comunidade” com a professora Denise Bussoleti  da FAE – UFPEL. A professora apresentou o projeto Catadotres e Contradores de Histórias, realizado no ano de 2009, trazendo ao palco a discussão sobre diversidade na escola. Ela falou da importância da valorização em sala de aula da cultura dos alunos, sobre a cultura negra e sobre discussões e atividades realizadas durante as apresentações do projeto. Brindou-nos com depoimentos de Ernesto Glandulia e da Grio pelotense Dona Cirlei, que são responsáveis por levar e manter a cultura negra acesa.
A professora ainda fez uma reflexão a partir de questões como a falta de abordagem de conteúdos nos diversos âmbitos que ele pode ser visto e a falta da voz dos alunos na escola que podem falar da realidade prática. E outras como a evasão escolar, principalmente dos alunos de classes mais pobres e de etnia negra, pois estes não se identificam com o que é ensinado em sala de aula.
Ao final da sua fala, a professora Denise trouxe ao palco uma maravilhosa apresentação da ONG ANJOS E QUERUBINS do bairro Getulio Vargas, que fechou a manhã com chave – de - ouro. À tarde podemos assistir ao painel “O poder escolar nos fazeres dos professores que apresentam experiências no encontro”, no qual foram apresentados trabalhos realizados pelos professores a partir das participações no Poder Escolar.
O último dia de encontro, quinta 22, começou com o painel “A voz dos pais” e após o painel “Mal estar na escola – pais, professores e alunos” com o brilhante psicanalista José Auterial. O professor nos falou sobre os problemas mais recorrentes entre os jovens como homicídio, acidentes e suicídios e também sobre os fatores que levam a essa situação. Ele relatou as mudanças na infância, nas estruturas familiares e os valores que mudaram ou estão sendo substituídos. Ele colocou a questão da hiperatividade, desculpa hoje para o comportamento agitado de crianças na escola, quando na verdade esse comportamento é resultado das relações familiares conflituosas, da fome que passam. As crianças estão muitas vezes procurando um olhar de alguém que lhe de atenção.
José coloca a importância de se preservar na escola a utopia, o sonho e o desejo. E ainda ressalta a importância do professor caminhar por outros saberes, ele deve estar sempre na busca de novos conhecimentos e estar aberto a novas experiências e não pode ficar estático, parado no tempo.
Para terminar, a conferência de encerramento com Walter Koham, “Notas para pensar as (de) formações de um professor” nos deixa alguns pressupostos sobre a profissão docente:
- Quem ensina exerce a autoridade sobre aquele que aprende, mas o processo de aprendizagem se dá com liberdade e só a partir do pressuposto que não se sabe tudo é que vamos buscar o saber e o conhecer continuamente.
Assim, depois de todas as reflexões feitas durante o encontro, ficam algumas questões a serem pensadas seguidamente pelos professores frente a sua prática:
- De que forma se esta exercendo o poder escolar?
- Como exercemos o poder de estar dentro da escola?
Fátima Portelinha

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