Sobre o Projeto

O Programa Interinstitucional de Bolsas de Iniciação à docência (PIBID) é um programa do MEC, fomentado pela CAPES para o aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores para a educação básica. Na UFPel, desde 2010, o curso de Teatro está participando, juntamente com os demais cursos de licenciatura. Atualmente somos um grupo de 12 alun@s do curso de Teatro - Licenciatura da UFPel, bolsistas do PIBID - CAPES/MEC. Desenvolvemos ações específicas da área de teatro e projetos educacionais interdisciplinares, no momento, atuando em quatro escolas públicas parceiras do programa, em Pelotas/RS, orientados pelas professoras/es supervisoras/es das escolas e pelos coordenadores de área.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

I Encontro Nacional do PIBID - Teatro

Relatório I Encontro Nacional PIBD – Teatro
UFMG – Minas Gerais/abril de 2012

       Nos dias 13 e 14 de Abril estive participando do I Encontro Nacional do PIBID Teatro que aconteceu em Belo Horizonte no campus da UFMG.
     No dia 13 deu-se início ao evento com a mesa redonda onde esteve presente o Professor Hélder Eterno que falou sobre o Projeto Nacional PIBID CAPES, que além de esclarecer dados importantes sobre a criação e função do PIBID em todo Brasil, trouxe também a importância de se incentivar as Licenciaturas atualmente, pois o número de Licenciandos que se forma a cada ano é muito inferior à quantidade de profissionais que chegam ao “mercado de trabalho”. O Hélder salientou ainda a importância da área das Artes no ensino, afirmando que não só vê o quão imprescindível é o ensino das quatro linguagens de artes no ensino básico, como fez com que no PIBID as quatro linguagens das Artes estivessem separadas, cada uma com seu subprojeto, uma vez que cada uma dessas licenciaturas tem as suas especificidades enquanto área do conhecimento e sua importância. Necessidade esta que fica evidente na seguinte frase do Professor Hélder Eterno.

“... Conhecer as múltiplas linguagens é fundamental para um cidadão do século XXI. É, e sempre será frágil a formação de um sujeito que não passa por todas as linguagens.”
 
      Além do Professor Hélder também compuseram esta mesa: a Professora Samira Zaidan da UFMG e o Professor Wagner Auareck - Coordenado Institucional do PIBID FaE UFMG, que foi quem mediou a mesa.
    Ambos ressaltaram a importância de se incentivar as licenciaturas no país, principalmente no que tange à área das exatas, que são as áreas que menos têm formado profissionais nos últimos anos, ou seja, a procura por professores que tenham formação em Física, Química e Matemática vem aumentando de forma incessante a cada ano. Acrescentaram ainda a importância da formação de profissionais nas áreas de Teatro, uma vez que é uma área que está sendo inserida nas escolas agora, mas que também tem formado poucos profissionais no Brasil inteiro, inclusive pode-se averiguar a veracidade desse dado quando o professor Robson Corrêa Camargo (UFG) disse que em Goiânia precisa-se de em torno 8.000 professores de Teatro atualmente.
        A 2° mesa redonda foi composta pelo Professor Arão Paranaguá de Santana da (UFMA – Presidente da CONFAEB) e o Professor Narciso Telles (UFU – Coordenador do GT Pedagogia do Teatro e Teatro na Educação da ABRACE).
       A fala de ambos os professores foi maravilhosa e instigante, porque tocava diretamente na linha de pesquisa que eu tenho extremo interesse dentro da Licenciatura em Teatro, o teatro na educação e a pedagogia do teatro. Arão comentou que para falar de PIBID Teatro ele foi buscar informações na internet sobre o que era o PIBID, como funcionava o PIBID em diferentes estados, como era desenvolvido o ensino de Teatro nas escolas em que o PIBID atuava e também como estava sendo realizada a avaliação dessas atividades. Foi interessante ver uma pessoa de fora do PIBID falando sobre o trabalho que nós pibidistas (termo utilizado pelo PIBID da UFBA para denominar os bolsistas) estamos realizando ao longo desses dois anos no caso de alguns estados e seis meses no caso de outros.
      Arão comentou o quão importante é avaliarmos a nossa prática, como vem acontecendo no PIBID. Pois, é através dessas avaliações que vamos pensar o ensino de Teatro, a partir dessas vivências como docentes de Teatro é que vamos construir e refletir quais são as melhores formas para aplicá-lo na educação básica. Comentou ainda que viu muito desta prática, de aplicar e fazer reflexão do que foi realizado, nos Blogs do PIBID UFBA e do PIBID UFPel, foi gratificante ouvir esse relato.
       Com a fala do Professor Narciso vieram muitas provocações como: Pedagogia do teatro e teatro na educação são a mesma coisa? Complementam-se ou são duas coisas diferentes? Confesso que as falas dele me deixaram com muitas perguntas, até pelo fato de eu estar começando a escrever o meu Trabalho de Conclusão de Curso e da minha pesquisa estar ligada ao ensino de teatro com crianças, ou seja, estou em um momento de reflexão sobre o que é a pedagogia do teatro e/ou teatro na educação até pelo fato de encontrar livros que defendem e utilizam ambas as terminologias, ou ainda os livros mais recentes sobre o assunto que utilizam Pedagogia do teatro para conceituar as diferentes metodologias usadas para o ensino do teatro.
      O professor Narciso ainda falou sobre a ABRACE e a importância dos discentes estarem participando também desse momento de troca entre pesquisados de Teatro. No entanto, o que se sabia até o momento do evento é que os acadêmicos poderiam estar participando do evento com pôsteres, todavia o Narciso que é coordenador do GT da Pedagogia do Teatro e Teatro na educação colocou que há um interesse por parte de alguns membros desta associação que os licenciandos possam participar dos debates de forma mais igualitária, no sentindo de pensar o teatro e o seu ensino.
       Nos momentos seguintes cada Coordenador apresentou o seu PIBID, estrutura e o trabalho que estava sendo executado. Entre eles falaram: Luiz Cláudio Cajaíba (UFBA), Vera Lúcia Bertoni dos Santos (UFRGS), Aceves Moreno Flores Piegaz (UFOP), Mariene Perobelli (UFU), Adilson Siqueira (UFSJ), Taís Ferreira (UFPel), Pedro Arnaldo Henriques Serra Pinto que substituiu a Coordenadora Carolina Vieira Silva(UFC), Vicente Concilio (UDESC), Ricardo Carvalho de Figueiredo (UFMG).
        Foi muito legal conhecer a forma como está ocorrendo o PIBID nos diferentes estados. Na maioria dos casos a ênfase dos projetos está mais em ações disciplinares extremamente focadas no ensino do teatro e nas suas especificidades, sendo o PIBID UFBA e UFPel os únicos a trabalharem de forma interdisciplinar. Todavia, de formas diferentes, pois na UFBA o trabalho interdisciplinar acontece com a professora da turma na qual estão inseridos os pibidianos e na UFPel trabalhamos de forma interdisciplinar entre as áreas envolvidas no PIBID, tentando construir um trabalho interdisciplinar já no planejamento das atividades que estão dentro de um projeto que foi realizado em cada escola participante do Programa de forma diferente, além disso na UFPel também desenvolvemos ações disciplinares.
      Outros pontos que me chamaram atenção foi que onde o PIBID começou o ano passado, 2011, os Coordenadores contam com apenas 5 bolsistas, sendo assim as Universidades com maior número de bolsistas são: UFBA com 24 e UFPel com 20 as demais tem de 12 para menos.
         No que tange os supervisores a maioria dos PIBIDS atuam em uma ou duas escolas, mas levando em consideração ter um supervisor ou formado em Teatro ou Artes visuais, sendo, em alguns casos, a falta deste motivo para que o PIBID mude de escola. Eu achei interessante essa exigência de alguns PIBID, pois acredito que o trabalho acontece de forma mais positiva quando se trabalha com pessoas, nesse caso supervisores, que conheçam a área que atuamos, porque a familiarização com os conteúdos, necessidades e demandas das práticas de teatro. Fator este que fica evidente na fala do PIBID do Ceará e Uberlândia, por exemplo, quando eles comentam de forma satisfatória a experiência positiva no trabalho entre os bolsistas e a escola que recebe o PIBID.
        Neste dia tivemos também os Recortes PIBID que foi o momento no qual os pibídicos (termo utilizado pelo PIBID UFC para denominar os bolsistas), puderam compartilhar com os demais pibidianos as suas experiências no PIBID até o momento, assim como tirar dúvidas, trocar informações, frustrações e expectativas. Eu achei muito interessante esse momento, no entanto poderíamos ter mais tempo para essa atividade, uma vez que tivemos 7 minutos para apresentação de cada trabalho e 10 para perguntas e respostas. Todavia, essa troca foi valiosíssima para os bolsistas.
       Na manhã quente de sábado começamos as atividades com a mesa redonda composta por: Marina Lima Muniz (UFMG), Beatriz Cabral (UDESC) e Narciso Telles (UFU). A professora Marina Lima falou sobre: “Sistemas Johnstone: metodologia e filosofia da improvisação e seu ensino”, a sua fala estava calcada em uma experiência que ela realizou com alunos. Desta fala eu peguei alguns pontos mencionados pela Professora, os que mais me chamaram atenção: o bloqueio (branco) se dá pelo medo do fracasso, nesse caso o bloqueio se remete aos momentos em que tentamos improvisar, mas não temos sucesso na criação, que, segundo a professora Marina, é justamente a superação deste medo a 1° etapa da improvisação. Segundo a mesma deve-se sempre aproveitar as primeiras ideias que temos quando estamos improvisando, mesmo que elas não nos pareçam as melhores e mais adequadas. Devemos aceitar o que já existe, pois a criação nada mais é do que um processo constante de escolhas e escuta do momento presente. A palestrante nos alertou ainda que o medo do fracasso leva à beira do abismo, o que permite ao ator renovação nas suas criações.
     Beatriz Cabral falou sobre “Drama – história e tendências atuais”, onde em sua fala contextualizou como surge o drama como método de ensino e depois relatou algumas de suas experiências utilizando o drama como metodologia na educação. Como foi o caso de uma experiência que partiu do texto Macbeth de Shakespeare[1], onde a professora utiliza a figura do professor-personagem na criação do espetáculo, além de objetos de cena simbólicos, como galhos de árvores que foram carregados pelos atores simbolizando a floresta que se aproxima do castelo de Macbeth momentos antes da morte do Rei.
      Narciso Telles traz em sua fala “Os Viewpoints: caminhos de uma pesquisa prática em pedagogia do teatro”. Primeiramente o professor esclareceu que Viewpoints são articulações de um conjunto de aspectos existentes em várias práticas e pedagogias de formação do artista cênico, de forma a oferecer ao performer ou ao criador um maior grau de consciência. Os VPS físicos, também são chamados Viewpoints de movimento, sendo Mary Overlie, inventora dos seis Viewpoints. Esses vps são: espaço, forma, tempo, emoção, movimento e história, caracterizando-se uma estrutura única de improvisação para dança[2].
       Na mesa de encerramento tivemos o prazer de ouvirmos falar os professores Robson Corrêa Camargo (UFG), Maria Lúcia Pupo (USP) e Sílvia Balestreri Nunes (UFRGS).
        Neste último momento do evento os componentes da mesa abordaram desde a função do teatro na educação onde o professor Robson diz: “... propiciar o desenvolvimento das pessoas em aspectos sentimentais, grupal e social. O teatro há mais de 2.500 anos contribui com essa disciplina”.
   Além das contribuições do Robson sobre a importância do ensino de teatro, principalmente com crianças durante a fase de experiências cognitivas, tivemos as falas das professoras Sílvia Balestreri e Maria Lúcia Pupo que relatam suas experiências a partir de metodologias com teatro do oprimido e jogo dramático, onde eu destaco dois pontos que me chamaram mais atenção e me despertaram curiosidade:
     Na prática do teatro fórum parte-se de questões do tipo: O que incomoda? O que se quer? O que atrapalha? Como resolver isso? Essas questões saíram da fala da professora Sílvia que trabalhou de forma direta com Augusto Boal, sendo um dos curingas dele inclusive.
       A professora Maria Lúcia explicando de onde veio o jogo dramático, quem trouxe esses estudos para o Brasil e quem o difunde aqui atualmente, salientou que muitas pessoas confundem o drama do jogo dramático que seria ação com o gênero drama – trágico.






    Encerramos o evento de maneira tão calorosa quanto começamos, com direito a foto de todos os participantes inclusive! Com certeza esse encontro entre pibidianos de todo o Brasil foi de grande importância para nossa aprendizagem, além do que foi maravilhoso tietar as nossas bibliografias que estavam ali tão pertinho de nós, falando sobre os seus estudos e linhas de pesquisas que nós só conhecíamos até então pelos livros e PDF. Parabéns a organização do evento que foi ótima em todos os sentidos e a Mariene Perobelli que ficou encarregada de organizar o 2° Encontro Nacional do PIBID Teatro que será na UFU.









Bianca Ebeling Barbosa

 
[1] Maiores relatos sobre esta experiência da Professora Beatriz Cabral no link: http://www.portalabrace.org/vreuniao/textos/pedagogia/Biange%20Cabral%20-%20A%20Est%E9tica%20do%20Dissenso%20em%20Processos%20Coletivos.pdf

[2] Quem tiver maior interesse em saber sobre os Viewnpoints eu encontrei o artigo que relata sobre essa experiência do Narciso no link: http://www.nupea.fafcs.ufu.br/pdf/9eraea/relatos_pesquisa/comunicacao_rp_t_nadia.pdf


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