Sobre o Projeto

O Programa Interinstitucional de Bolsas de Iniciação à docência (PIBID) é um programa do MEC, fomentado pela CAPES para o aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores para a educação básica. Na UFPel, desde 2010, o curso de Teatro está participando, juntamente com os demais cursos de licenciatura. Atualmente somos um grupo de 12 alun@s do curso de Teatro - Licenciatura da UFPel, bolsistas do PIBID - CAPES/MEC. Desenvolvemos ações específicas da área de teatro e projetos educacionais interdisciplinares, no momento, atuando em quatro escolas públicas parceiras do programa, em Pelotas/RS, orientados pelas professoras/es supervisoras/es das escolas e pelos coordenadores de área.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

IV Festival Estadual de Contadores de Histórias


No início de outubro participei de um Festival de Contadores de História em Porto Alegre. O Festival é uma promoção da Biblioteca Infanto-juvenil Lucília Minssen, da Casa de Cultura Mário Quintana de Porto Alegre. Foram três dias maravilhosos de aprendizagem, conhecimento, troca e convivência com contadores de histórias do Brasil inteiro.

Durante o festival, além das Maratonas de Contação de histórias infantis e a Maratona de Contos Populares, a organização disponibilizou em sua programação oficinas variadas de técnicas de contação, de confecção e manuseio de objetos, de musicalização, dentre outras. Visando aproveitar ao máximo os oficineiros e buscando embasamento e conhecimento, participei de quatro das nove oficinas, que foram: “A Contação de História como Espetáculo”, ministrada por Hermes Bernardi Jr., de Porto Alegre; “História é prá contar”, ministrada por Maria Eunice G. Barbieri (Marô Barbieri), de Porto Alegre; “Contando Histórias: A arte de criar narradores e personagens”; ministrada por Lívia Petry, de Porto Alegre; e por último “Contar com o outro: uma história para dois”, ministrada por Celso Sisto, também de Porto Alegre. Além das oficinas, participei das duas noites de Contos Populares e de uma maratona de contadores na manhã em que Grazi e eu contamos uma história também.

Das oficinas que participei, todas abordavam especificamente o trabalho de contação de história. A partir de várias formas e técnicas os oficineiros nos passaram diversas dicas de como contar, como buscar a atenção do público, principalmente se trabalhamos com o público infantil. Na oficina do Hermes, por exemplo, realizamos mais um debate do que trabalho prático, baseado na nossa conversa e nos nossos questionamentos sobre como agir e usando como exemplo três ou quatro pequenos trechos contados por alguns dos participantes, baseado nas formas de contar apresentadas por eles, o oficineiro nos passou algumas dicas, dentre elas: ter o domínio da história, não perder o contato visual com o público, não hesitar ao contar uma história, a busca pela limpeza nos gestos e no posicionamento no ‘palco’, a base, os pés firmes no chão, coisas importantes. Sobre a utilização de objetos quando necessário, foi dito que eles não devem ilustrar a história, pois não devemos subestimar a imaginação do público sublinhando tudo o que vamos contando.

Na oficina da Marô, fizemos exercícios práticos mesmo. Exercícios de dicção com trava línguas, leitura de texto em grupo, uma pequena análise e divisão de um texto. Na sequência aprendemos a confeccionar uma pequena bruxa utilizando canudinhos de refrigerante, guardanapo e fita crepe, um objeto simples que pode inclusive ser utilizado depois da contação como uma atividade com as crianças. Na sequência, nos dividimos em grupos e com essas bruxas e com alguns outros personagens e elementos trazidos pela oficineira deveríamos construir uma história e contá-la. Foi interessante a maneira como ela conduziu e como nós ao final já estávamos bem mais soltos brincando entre nós e com os objetos e personagens que criamos nas histórias.

A Lívia nos trouxe vários exercícios para trabalhar questões simples de diferenciação de narradores e personagens. Vários desses exercícios já são conhecidos de quem trabalha com teatro, começamos criando uma história em conjunto, com uma “bolinha faladora”, num círculo a bolinha passa de mão em mão, e onde ela pára a pessoa acrescenta uma parte da história, assim vai até que todos tenham participado. Os demais exercícios versaram sobre trabalhos de improvisação e de jogo. Criamos personagens, inventamos uma história com eles e depois a encenamos. Utilizamos ainda ‘dedoches’ (pequenos fantoches manipulados apenas pelos dedos) e também em grupos criamos uma história e a apresentamos para o grande grupo. Encerramos com a leitura/narração de uma história trazida pela Lívia, “Encontro em Samarra” na história havia três personagens, a Morte, um Mercador, e o Servo deste Mercador, o jogo consistiu em realizar essa leitura/contação a partir do ponto de vista de um desses personagens, sem a presença de um narrador e sim de um personagem narrador.

Para encerrar a maratona de oficinas tive o prazer de conhecer Celso Sisto, que de uma forma muito simples nos conduziu a um estado de jogo, de concentração e de ligação entre os participantes da oficina, formei dupla com uma moça, que mesmo sem conhecê-la, era como se tivesse sempre trabalhado ela. Também baseado em alguns exercícios que usamos em ensaios e aulas de teatro, trabalhamos alguns pontos como confiança e interação com e entre as duplas. Trabalhamos o tempo todo com a mesma dupla para construir essa ligação e essa intimidade. O foco da oficina foi a contação de uma história em dupla, para isso conversamos sobre o que uma contação em dupla deveria ter, alguns pontos foram: a relação entre os contadores, o domínio da história, uma análise da história, o jogo e a espontaneidade, dentre outros. Após essa conversa e essa lista de objetivos, escolhemos um livro de história dentre os que ele havia levado e nos preparamos para contá-la em dupla. Foi sem dúvida uma experiência muito enriquecedora, pois tínhamos pouco tempo para ler, analisar, discutir, decorar a história, ensaiar e apresentar, tudo em dupla, sem atropelar o colega em nada, nem nas decisões nem na contação, sem interferir no texto da colega, sem contar tudo sozinha, foi uma coisa difícil, mas muito prazerosa. Trabalhar essas possibilidades de narrativa intercalada, onde cada uma de nós contava um pouquinho do que ia acontecendo e perceber ao final que nós conseguimos alcançar o objetivo foi muito bom, pois partilhamos a história e repartimos ela, contamos juntas e não um pedaço cada uma.
Além das oficinas, participamos das maratonas de Contos Populares e de apenas uma manhã de contação para as crianças, queria ter visto mais gente contando história. Nas duas noites de Contos Populares, vimos alguns dos oficineiros e dos contadores de história que participavam do festival contando histórias de caráter mais regional, alguns deles mais voltados ao público adulto, mas de uma riqueza sem tamanho. Na nossa prática de contação, senti falta de público, tínhamos poucas crianças na platéia e já eram maiores um pouco, pareciam não estar muito envolvidos com a história, contamos “Minha mãe é um problema”, de Babete Cole. Mas de uma maneira geral, foi ótimo interagir com eles, contar história, e ainda ver como os outros contadores trabalham, como eles contam suas histórias, que recursos utilizam para envolver os ouvintes, sem dúvida foram três dias de muito aprendizado, muita troca de experiência, de conhecimento, sem contar nos amigos maravilhosos que fiz, das pessoas generosas que encontrei, muito dispostas e disponíveis a ensinar, a aprender e a partilhar.

Aline Luz

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