Relatório I Encontro Nacional PIBD – Teatro
UFMG – Minas Gerais/abril de 2012
Nos
dias 13 e 14 de Abril aconteceu na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, o 1º
Encontro Nacional PIBID Teatro patrocinado pela CAPES para os bolsistas do
programa PIBID da área de Teatro. A sede do encontro foi na Faculdade de
Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, e teve como tema: “Metodologias
para o ensino de teatro na Educação Básica”. A proposta do evento foi “criar um
espaço destinado ao diálogo entre os PIBID’s Teatro, de forma a ampliar as
trocas e campo investigativo vinculado à Pedagogia do Teatro”, como disseram os
organizadores do evento[1].
Este,
contou com a participação de professores e bolsitas da área de
Teatro-Licenciatura de todas as Universidades do Brasil que eram contempladas
com o PIBID-Teatro, mais a Universidade de Brasília (UNB), Universidade Federal
de Goiás e a Universidade de São Paulo (USP), além de convidados para as mesas
de debates.
A
primeira mesa do evento teve participação do professor Hélder Eterno
coordenador nacional do PIBID na CAPES que falou justamente do Projeto Nacional
PIBID CAPES; a professora Samira Zaidan coordenadora da FaE/UFMG que falou
sobre o Projeto PIBID na Universidade: desafios e práticas.
O
professor Hélder começou falando de como articular a universidade com a
educação básica, e que o PIBID surge, como construtor de teoria e prática, para
suprir a carência dos professores na Educação. É necessário discutir na área a
epistemologia daquela língua/conhecimento específico a fim de potencializar o
professor agregador. O PIBID não surgiu para substituir o estágio, e sim para
preparar profissionais capacitados para formação do sujeito do século XXI
através das diversas linguagens. Especificamente, na aérea do Teatro, o PIBID
serve para mobilizar indivíduos a criticar a posição dos professores das
diversas linguagens dentro das artes, criticar a polivalência e ganhar
expressão dentro das escolas, criando uma massa critica.
Já
a professora Samira nos palestrou a respeito da profissionalização da formação
docente, e da dificuldade de articular boas escolas com o PIBID. De um modo
geral o PIBID propiciou a identidade da formação docente para os acadêmicos,
com o contato com as escolas, e as inovações levadas como possibilidades para a
escola a fim de articular experiências.
A
segunda mesa foi composta pelos professores Arão de Santana Paranaguá (UFMA –
Presidente da CONFAEB) e Narciso Telles (UFU – Coordenador do GT Pedagogia do
Teatro e Teatro na Educação da ABRACE). O professor Arão, a partir de leituras
de artigos, projetos e blogs do PIBID, falou do olhar dos “pibidianos” nas
políticas públicas, na perspectiva da docência de Teatro. Complementou com o
pensamento de que o trabalho social útil alimenta-se da crítica e vai além do
trabalho simples; a experiência estética subtende de mudanças e o conhecimento
didático assenta-se sobre o trabalho desenvolvido na teoria e na prática. O
representante da ABRACE, professor Narciso, nos incentivou a continuação dos
estudos e a mudança da atual escola e da importância da participação dos
“pibidianos” na ABRACE.
As
mesas três, quatro e cinco foram compostas pelos coordenadores dos subprojetos
do PIBID-Teatro das seguintes universidades: UFBA, UFRGS, UFOP, UFU, UFSJ,
UFPel, UFC, UDESC e UFMG[2]. O
tema das mesas foram relatos do PIBID-Teatro nas respectivas Universidades.
Após
a apresentação de todas as universidades, tivemos as apresentações dos recortes
PIBID, onde os bolsistas que mandaram apresentação de trabalhos para o evento
foram divididos em grupos de quatro trabalhos em cada sala, para apresentarem
uns para os outros. Por conta do tempo para esta atividade, o tempo de
apresentação dos trabalhos foi extremamente curto, não totalizando nem dez
minutos para cada apresentação, infelizmente não teve um tempo adequado para
discussão deste que poderia ter sido um rico debate.
No
segundo dia de evento a primeira mesa teve como tema as Metodologias para o
ensino de Teatro na Educação Básica, onde estavam presentes a Professora Marina
Muniz (UFMG) que falou sobre “Sistema Johnstone: metodologia e filosofia da
improvisação e seu ensino”; a professora Beatriz Cabral (UDESC) que nos trouxe
o tema “Drama – história e tendências atuais”; e novamente o professor Narciso
Telles (UFU) que focou sua palestra em “Os viewpoints: caminhos de uma pesquisa
prática em pedagogia do teatro”.
A
professora Beatriz Cabral (Biange) iniciou nos contando brevemente a
contextualização histórica do drama (Process Drama e Drama Educação, também
chamado). Em suas palavras, disse que a prática teatral centrada na apropriação
e atualização de textos, imagens, temas, associações de objetos, ambientação
cênica ou espaços – voltados para a criação e desenvolvimento de um processo
dramático e, eventualmente, de seu produto. O drama hoje tem diversas
terminologias. Para Biange, “Drama” é uma oficina, um evento; “Process Drama” é
um trabalho onde os alunos são envolvidos no processo da atividade, eles trazem
materiais, dura mais tempo (um ano ou um semestre), trabalham elementos ou
fragmentos de peças; e “Drama Educação” são trabalhos curriculares. Como
teoria, Biange nos passou Dorothy Heathcote – Speech and Drama.
A
professora Marina abordou a improvisação como espetáculo, com um cunho mais
filosófico do que mais metodológico desses exercícios – improvisação para
criação.
Sobre
os viewpoints, nos fala o professor Narciso da ABRACE. Ele inicia
problematizando sobre “o que o teatro nos traz para quem está em outros
ambientes?”. Nisso cabe os viewpoints, que não são uma técnica e sim um
processo que visa desenvolver um trabalho investigativo, sem estrutura
hierárquica a fim de produzir um sentido de liberdade para criar e construir
uma prática. Finalizou com algumas frases do poeta Manoel de Barros: “Há certas
frases que se iluminam pelo opaco.”; e “Repetir, repetir e repetir até ficar
diferente.”.
A
ultima atividade do evento foi uma mesa que teve o mesmo tema da anterior, e
foi composta pelo professor Robson Camargo (UFG) – “Jogos teatrais;
experiências cognitivas”; Professora Maria Lúcia Pupo (USP) – “Para
desembaraçar os fios do jogo dramático”; e a professora Sílvia Nunes (UFRGS) –
“Teatro do Oprimido e Multiplicidades: salas, pátios e outras condições”.
Em
ordem, o professor Robson começou questionando sobre o Teatro e o profissional
de Teatro – Escola e educação. Em seguida a professora Sílvia falou do Teatro
do Oprimido, e as diversas formas de teatro de Augusto Boal: Teatro Fórum,
Teatro Imagem, Teatro Invisível, Arco-Iris do desejo, Teatro Jornal, Teatro
Legislativo e Estética do Oprimido. Finalizou falando sobre a apropriação da
técnica, trabalho corporal e ritmo, nas relações de poderes e como
transformá-las. Por fim a professora Maria Lúcia abordou o assunto do Jogo
Teatral, e a diferença de Jogo Dramático do inglês (Dramatic Play) e o
significado francês (Jeu Dramatique). A forma inglesa significa brincadeiras de
faz de conta, que é um ponto de partida para o encaminhamento da educação,
progredindo para o não exibicionismo e conquistando a linguagem teatral; já a
forma francesa surgiu a partir de um aluno de Jacques Copeau que pegou os
ensinamentos deste teórico e levou para outras esferas, a fim de trabalhar na
formação de não atores (no caso foi com escoteiros) em uma educação não formal
na França, era chamado de “jogo trabalho” e consistia na improvisação com
regras em um fio narrativo e essencial além do espaço físico e uma estética da
peça.
Concluo
este relatório dizendo que esta foi uma ótima oportunidade propiciada pela
CAPES para alguns alunos bolsistas do PIBID-Teatro, a fim de abranger os
saberes e práticas da nossa linguagem nas escolas. O evento contou com muitas
participações de figuras ilustres na formação do arte-educador, que foram
fundamentais para o debate da metodologia do ensino de teatro na Educação
Básica.
Murilo Furlan
[1] A
comissão organizadora nacional do evento era composta pelos professores: José
Simões De Almeida (Coordenador de Gestão de Processos Educacionais - UFMG),
Marienne Perobelli (UFU), Ricardo de Figueiredo (Coordenador do SubProjeto
PIBID Teatro - UFMG), Vera dos Santos (UFRGS) e Vicente Concílio (UDESC).
[2]
Respectivamente: Universidade Federal da Bahia, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Universidade Federal de Ouro Preto, Universidade Federal de
Uberlândia, Universidade Federal de São João del-Rei, Universidade Federal de
Pelotas, Universidade Federal do Ceara, Universidade do Estado de Santa
Catarina e Universidade Federal de Minas Gerais
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