Sobre o Projeto

O Programa Interinstitucional de Bolsas de Iniciação à docência (PIBID) é um programa do MEC, fomentado pela CAPES para o aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores para a educação básica. Na UFPel, desde 2010, o curso de Teatro está participando, juntamente com os demais cursos de licenciatura. Atualmente somos um grupo de 12 alun@s do curso de Teatro - Licenciatura da UFPel, bolsistas do PIBID - CAPES/MEC. Desenvolvemos ações específicas da área de teatro e projetos educacionais interdisciplinares, no momento, atuando em quatro escolas públicas parceiras do programa, em Pelotas/RS, orientados pelas professoras/es supervisoras/es das escolas e pelos coordenadores de área.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

22º Seminário Nacional de Arte e Educação

O 22° Seminário Nacional de Arte e Educação foi um momento de muita troca, troca de saberes, de opiniões diferentes assim como de diferentes olhares sobre um assunto que interessa demais a todos nós que ali nos fazíamos presente, a arte educação. Para abertura do evento foi escolhido um painel chamado: A experiência estética e a produção de culturas e, tempos mutantes, os painelistas eram Marcos Villela Pereira(PUC/RS) e Carminda Mendes André (UNESP/SP). O titulo por si só já é interessante,mas os painelistas foram bem mais. Carminda usou como eixo de sua fala o teatro político na escola e trouxe, ou melhor, nos fez provocações do tipo: Qual é o lugar que o teatro deve ocupar hoje, onde ele pode e deve ser feito/apresentado?
Seguindo sua fala, Carminda diz que a educação é sempre colocada fora/afastada da cultura quando deveria ser um aspecto desta. Diz também que as instituições de ensino superior que formam professores de artes devem pensar em novas maneiras de aproximar a educação do contexto cultural e pergunta: O que isso pode significar? Que relação se pode fazer entre as artes e a escola?
Mostrou-nos ainda um erro que muitos professores de artes cometem que é, levar os seus alunos a museus e teatro independente do que vai ser observado/visto fazer, mesmo não fazendo parte do cotidiano daquela comunidade onde a escola está inserida, de achar que simplesmente por que é arte abrange á todos. Mas afinal de contas isso é interessante para quem? Pois algumas vezes os professores se equivocam quando o assunto é arte e levam seus alunos para verem arte que a eles não traz significados, pois eles não conseguem se identificar com aquele patrimônio histórico, não vêem ali nada que se relacione com seu cotidiano. Entre outras falas provocadoras da professora de Teatro Carminda citei as que mais me chamaram a atenção e me fizeram pensar sobre o meu papel como futura professora de Teatro. Por último uma observação intrigante e interessante sobre a Carminda: ao final de cada fala sua no painel ela rasgava a folha que acabará de ler ou jogava a folha para a platéia, eu entendi este gesto como se ela tivesse querendo nos dizer que tudo muda o tempo todo e que nós professores de arte não podemos ficar presos a uma única forma de trabalhar, nem somente ao que está escrito em livros e muito menos ao que a escola tenta nos impor. Já a fala do Marcos teve um ponto bem provocante e que norteou toda a fala dele.Devemos chegar à beira do abismo sem medo de arriscar! Acho que essa frase por si só já nos diz muito ou pelo menos tenta, ainda mais quando se pensa em professores de artes e nas diversas possibilidades que podemos seguir e criar para realizarmos o nosso trabalho. Neste ponto a fala do Marcos vem de encontro com as falas da Carminda, de que nós professores de artes temos que nos adequar e adequar a nossa forma de ensinar à realidade dos alunos com os quais iremos trabalhar, procurando inovar sempre tanto no espaço em que o Teatro é feito quanto nas experiências e forma com a qual vamos trabalhar, arriscando sempre e buscando inovações.
Na quarta-feira 06/10/2010 teve a apresentação do painel: Avaliação - Processos e funções na escola contemporânea, as painelistas foram a Maria Cecília Lima (SP) de quem vou falar a seguir e Marila Velloso (FAP/PR).Começo a falar sobre as minhas impressões deste painel citando a pergunta feita pela Maria Cecília, por que ensinar arte? Segundo a fala dela seria por que a arte é um dos aspectos formadores de cultura; por ser considerada inclusive parâmetro indicadordo nível de desenvolvimento de uma sociedade entre outras importâncias que tem o ensino de Arte. No entanto, mesmo tendo entre seus objetivos a transmissão de “cultura e conhecimento”, sabemos que apesar de avanços e conquistas nas últimas décadas a Arte ainda ocupa um lugar bem menos importante do que poderia e que no ambiente escolar para que a Arte se imponha e sobreviva estamos sempre tendo que demonstrar e comprovar seu potencial educativo. Outras questões levantadas pela painelista foram; 
  • Mas o que ensinar num curso de arte?
  • E como se ensina e como se aprende?
A explicação dada por ela para responder as questões acima foi: 
Existem quatro coisas principais que as pessoas fazem com a Arte: 
  • Elas vêem Arte.
  • Elas entendem o lugar da Arte na cultura através dos tempos. 
  • Elas fazem julgamentos sobre suas qualidades. 
  • Elas fazem Arte.
Para concluir seu painel Maria Cecília pergunta, e qual é o papel do aluno? E diz que cabe ao professor aspectos como: “o que ensinar”, “por que ensinar” e “como ensinar”. Já aspectos desse processo como “o que aprender”, “para que aprender” e “o que fazer com esse aprendizado” devem ser anunciados e discutidos com o aluno. É importante salientar que, quanto mais importante e ativo for o papel do aluno nesse processo, maiores são as chances do aprendizado ser significativo para ele.



Resumindo: 
  • O objetivo é de ensino. 
  • A expectativa é de aprendizagem.
  • A antecipação para o aluno tem que ser – no mínimo – das expectativas de aprendizagem e dos critérios de avaliação.
Toda criança tem direito aos quadros, à música e ao teatro, assim como ao alfabeto.” - André Malraux

Para encerramento do evento foi programado pela FUNDARTE o painel: Mutaçõe sem educação e arte: outros alunos, outras culturas, outras práticas com os painelistas: Lucas Ciavatta (RJ), Carlos Roberto Mödinger (FUNDARTE/UERGS) e João Carlos Machado (UFPel/RS). Lucas Ciavatta foi o responsável por abrir o painel, sua fala baseou-se no tema, o passo e o diálogo do qual eu falarei brevemente de algumas coisas que embora sejam calcadas no ensino e em suas experiências com música, acho que podemos pensar também nestes mesmos pontos para o ensino de Teatro. Primeiramente Lucas falou da relação entre o professor querer ou não ensinar e o aluno querer ou não aprender. O encontro entre um professor e um aluno pode ser de fato um momento mágico. Bom, isto quando o professor quer ensinar algo que o aluno quer aprender. Partindo desse ponto ele cita várias possibilidades de dificuldade que este relacionamento pode encontrar como: O professor pode querer ensinar algo que o aluno não sabe se quer aprender ou professor querer ensinar algo que o aluno quer, mas não consegue aprender. Nestes casos caberá ao professor achar uma forma/método para aresolução destas dificuldades. Todas as possibilidades acima parecem bastante simples se comparadas com aquela onde o professor quer ensinar algo que o aluno não quer aprender, ou então aquela onde o professor não quer ensinar algo que o aluno quer aprender. Certamente, a possibilidade com a qual todos sonhamos é aquela na qual o professor quer simplesmente ensinar-aprender e o aluno quer simplesmente aprender-ensinar!
Então o Lucas nos fez a seguinte pergunta: Que tipo de formação pode levar o professor a encarar com tranqüilidade a complexidade envolvida num processo de ensino aprendizagem? E ele nos deu a dica, de que ele entende que um professor deve ter acesso a ferramentas, habilidades e compreensões que permitiriam ao professor,não “saber tudo”, mas sim “saber como saber tudo”. O conhecimento dos meios para acessar o conhecimento é, neste sentido, mais importante que o próprio conhecimento. Outro ponto que eu achei interessante foi que, segundo a avaliação do Lucas, a principal habilidade a ser desenvolvida numa formação básica é: a habilidade de entender de onde escutamos ou a habilidade de entender a partir de que referências escutamos. E a partir de que referências organizamos o que escutamos. O painelista seguinte foi Carlos Roberto Mödinger que baseou sua fala nas experiênciasque seus alunos da UERGS/FUNDARTE tiveram durante seus estágios e na sua experiência como supervisor desses estágios. Em sua fala Carlinhos coloca as mudanças que a educação, o mundo e a Arte mais especificamente o Teatro vem sofrendo. Ele nos diz que hoje o Teatro não se restringe mais somente a montagens de textos dramáticos apresentados em teatros dispostos em palco e plateia, há bastante tempo, ou melhor, em muitos momentos da história do Teatro não foi assim. Se por um lado o fazer teatral ainda é um artesanato, por outro lado, novas tecnologias são desenvolvidas e também estão aí a serviço do fazer teatral. Novas formas são criadas e praticadas todos os dias. Formas que trabalham com a multiplicidade, a fragmentação, a ausência de narrativas lineares e até mesmo de personagens, o uso de espaços não convencionais, a aproximação com outras linguagens artísticas e a relação arte/vida são alguns exemplos das características da múltipla produção teatral atual. E nos coloca que a semelhança no fazer teatral, o que uni as diversas maneiras de fazer Teatro é que, o Teatro ainda tem por tema o comportamento humano e é sempre espaço de transformação. Para encerrar este relatório vou deixar algumas questões que o Carlinhos fez durante a sua fala. 
  • Se olharmos para o Teatro que estamos fazendo na escola hoje em dia, o que encontraremos? 
  • Será que o Teatro que propomos aos jovens do século XXI os desafia ao conhecimento? Ou o Teatro ainda é uma espécie de recreação, terapia ou estratégia metodológica para estudar coisas mais importantes que o próprio Teatro?
Frases que foram ditas no 22° Seminário de Arte e Educação que achei interessante:
  • O olhar para si através do outro.
  • Qualifica-se o artista pelo silêncio que ele produz.
  • Muita obra moderna é um belo horror.
  • O que é arte?
  • Todo ponto de vista é à vista de um ponto.
  • Arte se ensina e se aprende.
  • Palavras e gestos interpretados pelo professor nem sempre correspondem ao que o aluno pensa.
  • O Teatro tem mudado sua forma constantemente, mas o objetivo de toda a forma teatral é o comportamento humano.
Bianca Barbosa

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