UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO A DOCÊNCIA
TEATRO-LICENCIATURA
COORDENADORA DE ÁREA: Fabiane
Tejada da Silveira
ACADÊMICA: Aline de Abreu da Luz
DATA: 07/03/2012
INTRODUÇÃO
Minhas atividades no Programa Pibid Teatro da Universidade Federal de
Pelotas tiveram início em março de 2011, quando o programa já se encaminhava
para o seu último ano. Passei a integrar o grupo
de bolsistas do Instituto Estadual de Educação Assis Brasil, uma das maiores
escolas do estado do RS. Este ano foi basicamente para colocar em prática os
diagnósticos levantados no ano anterior em cada escola, de propor e realizar
ações na tentativa de suprir as necessidades apontadas pelas pesquisas, além de
elaborarmos e executarmos uma proposta de projeto interdisciplinar na escola,
no nosso caso, tanto nas ações específicas[1] quanto
nas interdisciplinares, buscarmos pela inserção do teatro em sala de aula.
Já no primeiro semestre demos início a elaboração do projeto interdisciplinar,
no qual deveríamos propor atividades a serem desenvolvidas durante o segundo
semestre com os alunos do ensino médio em conjunto com todas as áreas do Pibid
presentes da escola, ou seja, um projeto que pudesse agregar ao mesmo tempo
atividades envolvendo: Teatro, História, Letras, Filosofia e Sociologia (cursos
integrantes do PIBID Humanidades).
Dentro das nossas práticas disciplinares, fomos nos dividindo em grupos
de dois ou três bolsistas que passaram a atender um determinado público-alvo na
escola. No meu caso, em parceria com a colega bolsista Graziele Barros,
propomos e desenvolvemos a Hora do Conto com as turmas de 4° e 5° anos do
ensino fundamental da escola, visto que após a realização dos diagnósticos o
grupo detectou que a biblioteca infantil estava fechada há algum tempo, e a
ação visava justamente levar os alunos a freqüentar este espaço com mais
freqüência após a sua reabertura.
ATIVIDADE INTERDISCIPLINAR
Durante todo o primeiro semestre realizamos reuniões interdisciplinares
na escola para a elaboração do projeto que seria colocado em prática no segundo
semestre. Para a construção e realização deste, nos apoiamos nos estudos
(diagnósticos) realizados durante o ano anterior na escola, ou seja, no que se
havia detectado como problema, falha, ou mesmo em pontos que pudessem auxiliar
na construção de uma escola melhor. Optamos por desenvolver um projeto calcado
nos direitos humanos, para isso, o grupo de bolsistas foi dividido em cinco
grupos menores, e cada grupo elegeu um sub-tema dentro do grande tema para desenvolver
suas oficinas, forma como denominamos as nossas atividades.
O grupo do qual fiz parte neste trabalho, decidiu por trabalhar com o
tema Bullying, por se tratar de um
problema que vemos crescer a cada dia nas escolas. Para nossas atividades práticas
optamos pela exibição de um filme espanhol chamado ‘Bullying’ seguido de um
debate com os alunos e a confecção de alguns cartazes nos quais eles pudessem
expressar em palavras, frases ou desenhos, enfim de forma livre, o que eles
pensavam sobre o tema. Por se tratar de um assunto delicado e que na atualidade
atinge muita gente, decidimos pela não realização de uma ação continuada, e sim
uma única ação, visando atingir o maior número de turmas possível dentro da
escola. A princípio havíamos previsto o trabalho com 10 turmas de 1° e 2° anos
do ensino médio e 3° ano do ensino normal, visto que no futuro esses
professores poderão encarar práticas de Bullying
em sala de aula.
Infelizmente a execução não aconteceu exatamente como planejamos. Para a
realização das oficinas foi necessário fazer uma compilação do filme, já que
este se tratava de um longa metragem e não teríamos tempo disponível para sua
exibição seguida da atividade prática. Reduzimos o filme para 40minutos, e
passamos a solicitar dois horários seguidos para os professores, ou seja, um a
mais do que o que nos era liberado para o trabalho semanal com os alunos, o que
por diversas vezes não foi possível de realizar. Devido a esta dificuldade e a
algumas outras que encontramos pelo caminho, como reuniões, feriados, provas
dentre outras, acabamos realizando a oficina com apenas 8 das 10 turmas
pretendidas. E como não havia um trabalho continuado com as turmas, ao final da
nossa ação não podemos avaliar a real evolução das turmas no que diz respeito
ao tema.
HORA DO CONTO
A proposta de realizar a Hora do Conto também surgiu após o diagnóstico
realizado no primeiro ano de trabalho dos alunos bolsistas dentro do IEEAB, como
uma das questões levantadas na pesquisa era justamente o fato de a biblioteca
infantil da escola estar fechada já há algum tempo, sem que os alunos pudessem
ter acesso ao seu acervo e ao seu espaço. Nossa proposta consistia justamente em
tornar essa biblioteca um lugar mais freqüentado pelas crianças, visando uma
maior interação deles com os livros e com o ambiente. Para Kathia Vieira, o
conto pode trazer aos que os ouvem, uma contribuição na formação do indivíduo,
pois segundo ela “Em plena ‘era da globalização’ estamos nos tornando cada vez
mais iguais, e ouvir uma história pode vir a valorizar nossa individualidade
esquecida.” (VIEIRA, 2008. p.14)
Pensando nestas idéias de formação do indivíduo, de incentivo a leitura,
e na inserção da linguagem teatral para as crianças, propomos à coordenação
pedagógica do ensino fundamental, uma ação que seria ministrada para seis
turmas (as três de 4°ano e as três de 5°ano), a primeira idéia era realizar
ações quinzenais, cada semana com três turmas. A proposta inicial acabou
mudando, dividimos as ações em dois semestres, no primeiro atendemos as turmas
do 4°ano, e no segundo, as de 5°ano, realizando assim ações semanais.
Nossas atividades tinham como proposta principal, fazer a união entre o
contar/ouvir histórias e a inserção de jogos teatrais, de improvisação e de
expressão corporal e vocal com as crianças. Para este fim, buscávamos histórias
diversificadas e sempre levávamos algum atrativo diferenciado para a narração,
com o intuito de prendermos a atenção da turma e despertarmos o seu imaginário,
já que tínhamos a intenção de que ao final da história eles participassem
conosco da atividade prática que iríamos propor. Segundo Tiche Vianna e Márcia
Strazzacappa (2009, p. 117):
A arte pertence ao ser humano, é uma de suas maneiras
de se desenvolver, criar e recriar mundos. O exercício da imaginação proporciona
um olhar diferenciado e distanciado da realidade, capaz de vasculhá-la,
investigá-la e criar diferentes possibilidades de compreendê-la. Ao imaginarmos
diferentes possibilidades de sermos, estarmos, agirmos etc., poderemos nos
dedicar, no plano concreto à busca de outras maneiras, talvez melhores, de
viver e, dessa forma, colocarmo-nos em movimento à procura de melhores
alternativas de realização do que pretendemos.
Creio que ao despertar a imaginação de uma criança, incentivá-la a ler, a
brincar e a interagir e passear entre o mundo de conto de fadas e a vida real
pode gerar um crescimento intelectual, cultural e pessoal. Liberar a imaginação
expressar-se corporal e verbalmente, relacionar-se e interagir com os colegas,
desenvolver planos e meios para recriar e recontar as histórias ouvidas por
elas acrescenta aprendizado e valores não só na sua formação acadêmica, como
aluno, mas sim na sua formação pessoal, como indivíduo, como cidadão.
Em alguns encontros, a pedido da coordenação pedagógica, levamos
histórias relacionadas a algumas datas comemorativas ou históricas ou mesmo que
tivessem alguma relação com os temas propostos no calendário escolar, assim
eles poderiam ainda criar as suas relações com os conteúdos trabalhados em sala
de aula, afinal “A Pedagogia da Narrativa ensina que podemos ‘narrar para
educar’. Podemos partir de uma narrativa para abordarmos várias disciplinas
inseridas no currículo escolar.” (VIEIRA, 2008. p.14)
CONCLUSÃO
Foi uma pena o nosso projeto interdisciplinar ter encerrado com a
sensação de que faltou alguma coisa. Como se tivesse ficado algo que não
fizemos ou não exploramos. Creio que isso tenha acontecido apenas por não
termos realizado uma atividade continuada, na qual poderíamos fazer uma real
avaliação acerca do trabalho, se este foi ou não construtivo, se houve um ganho
significativo nas turmas. No entanto, creio que alguma coisa sempre é
acrescentada quando realizamos uma atividade, de uma forma ou de outra
guardamos o que vivenciamos, e por menos que se demonstre no momento da aula se
conteúdo foi ou não assimilado, a gente sempre leva alguma coisa pra vida da
gente.
Digo o mesmo com relação ao trabalho com a Hora do Conto, tivemos vários
problemas na execução do nosso cronograma e das nossas atividades, que foram desde
problemas de comunicação entre equipe diretiva e professores, até aqueles com
relação á falta de atenção e interesse dos alunos, dificuldades em controlar as
turmas, em fazê-los interagir com os colegas e se entregar para o trabalho. Contudo,
como disse anteriormente, creio que alguma coisa sempre fica, e a nossa semente
foi plantada, se dará frutos eu não sei, mas em algum momento da vida dessas
crianças essa vivência que elas tiveram fará a diferença.
Em se tratando das nossas atividades realizadas na escola, sinto falta de
ter estado presente no primeiro ano de trabalho juntamente com os demais
colegas, pois comecei meu trabalho já com algumas partes iniciadas, pois não
participei de toda a investigação e estudo realizado na escola. Cheguei já num
momento que se encaminhava para um trabalho com enfoque prático, mais concreto
por assim dizer. Não que tenha sido uma experiência ruim, pelo contrário,
participar do programa foi para mim uma experiência maravilhosa. Pude perceber
o que realmente quero, e hoje tenho ainda mais certeza de que quero seguir
dando aulas, quero seguir trabalhando de preferência com as crianças. Após este
ano de trabalho dentro da escola, percebo a importância desde programa, PIBID,
na formação do professor, pois como acadêmica do segundo ano de faculdade,
cursando terceiro e quarto semestre, pude conhecer e vivenciar um pouco da
realidade da escola, desse universo escolar e do contato com professores e
alunos.
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
VIANNA, Tiche e STRAZZACAPPA,
Márcia. Teatro na educação: reinventando mundos. In: FERREIRA, Sueli (Org.) O ensino das artes: construindo caminhos.
7. Ed. Campinas: Papirus, 2001.
VIEIRA, Kathia. Era uma vez... e conte outra vez – a arte
de contar histórias e valores humanos. Campinas: Editora Komedi, 2008.
[1]
Eram chamadas ações específicas as atividades desenvolvidas por cada uma das
áreas do Pibid na escola. No caso do Pibid – teatro do IEEAB, realizamos
oficinas de teatro com algumas turmas do ensino normal (magistério), em
conjunto com as aulas de sociologia; as oficinas de teatro em turno inverso
para o ensino médio e séries finais do fundamental, com o intuito de resgatar o
grupo de teatro na escola, e a hora do conto para as turmas de 4° e 5° anos do
fundamental.
Nenhum comentário:
Postar um comentário