Sobre o Projeto

O Programa Interinstitucional de Bolsas de Iniciação à docência (PIBID) é um programa do MEC, fomentado pela CAPES para o aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores para a educação básica. Na UFPel, desde 2010, o curso de Teatro está participando, juntamente com os demais cursos de licenciatura. Atualmente somos um grupo de 12 alun@s do curso de Teatro - Licenciatura da UFPel, bolsistas do PIBID - CAPES/MEC. Desenvolvemos ações específicas da área de teatro e projetos educacionais interdisciplinares, no momento, atuando em quatro escolas públicas parceiras do programa, em Pelotas/RS, orientados pelas professoras/es supervisoras/es das escolas e pelos coordenadores de área.

Aline Luz


UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO A DOCÊNCIA
TEATRO-LICENCIATURA

COORDENADORA DE ÁREA: Fabiane Tejada da Silveira
ACADÊMICA: Aline de Abreu da Luz
DATA: 07/03/2012

INTRODUÇÃO

Minhas atividades no Programa Pibid Teatro da Universidade Federal de Pelotas tiveram início em março de 2011, quando o programa já se encaminhava para o seu último ano. Passei a integrar o grupo de bolsistas do Instituto Estadual de Educação Assis Brasil, uma das maiores escolas do estado do RS. Este ano foi basicamente para colocar em prática os diagnósticos levantados no ano anterior em cada escola, de propor e realizar ações na tentativa de suprir as necessidades apontadas pelas pesquisas, além de elaborarmos e executarmos uma proposta de projeto interdisciplinar na escola, no nosso caso, tanto nas ações específicas[1] quanto nas interdisciplinares, buscarmos pela inserção do teatro em sala de aula.
Já no primeiro semestre demos início a elaboração do projeto interdisciplinar, no qual deveríamos propor atividades a serem desenvolvidas durante o segundo semestre com os alunos do ensino médio em conjunto com todas as áreas do Pibid presentes da escola, ou seja, um projeto que pudesse agregar ao mesmo tempo atividades envolvendo: Teatro, História, Letras, Filosofia e Sociologia (cursos integrantes do PIBID Humanidades).
Dentro das nossas práticas disciplinares, fomos nos dividindo em grupos de dois ou três bolsistas que passaram a atender um determinado público-alvo na escola. No meu caso, em parceria com a colega bolsista Graziele Barros, propomos e desenvolvemos a Hora do Conto com as turmas de 4° e 5° anos do ensino fundamental da escola, visto que após a realização dos diagnósticos o grupo detectou que a biblioteca infantil estava fechada há algum tempo, e a ação visava justamente levar os alunos a freqüentar este espaço com mais freqüência após a sua reabertura.


ATIVIDADE INTERDISCIPLINAR

Durante todo o primeiro semestre realizamos reuniões interdisciplinares na escola para a elaboração do projeto que seria colocado em prática no segundo semestre. Para a construção e realização deste, nos apoiamos nos estudos (diagnósticos) realizados durante o ano anterior na escola, ou seja, no que se havia detectado como problema, falha, ou mesmo em pontos que pudessem auxiliar na construção de uma escola melhor. Optamos por desenvolver um projeto calcado nos direitos humanos, para isso, o grupo de bolsistas foi dividido em cinco grupos menores, e cada grupo elegeu um sub-tema dentro do grande tema para desenvolver suas oficinas, forma como denominamos as nossas atividades.
O grupo do qual fiz parte neste trabalho, decidiu por trabalhar com o tema Bullying, por se tratar de um problema que vemos crescer a cada dia nas escolas. Para nossas atividades práticas optamos pela exibição de um filme espanhol chamado ‘Bullying’ seguido de um debate com os alunos e a confecção de alguns cartazes nos quais eles pudessem expressar em palavras, frases ou desenhos, enfim de forma livre, o que eles pensavam sobre o tema. Por se tratar de um assunto delicado e que na atualidade atinge muita gente, decidimos pela não realização de uma ação continuada, e sim uma única ação, visando atingir o maior número de turmas possível dentro da escola. A princípio havíamos previsto o trabalho com 10 turmas de 1° e 2° anos do ensino médio e 3° ano do ensino normal, visto que no futuro esses professores poderão encarar práticas de Bullying em sala de aula.
Infelizmente a execução não aconteceu exatamente como planejamos. Para a realização das oficinas foi necessário fazer uma compilação do filme, já que este se tratava de um longa metragem e não teríamos tempo disponível para sua exibição seguida da atividade prática. Reduzimos o filme para 40minutos, e passamos a solicitar dois horários seguidos para os professores, ou seja, um a mais do que o que nos era liberado para o trabalho semanal com os alunos, o que por diversas vezes não foi possível de realizar. Devido a esta dificuldade e a algumas outras que encontramos pelo caminho, como reuniões, feriados, provas dentre outras, acabamos realizando a oficina com apenas 8 das 10 turmas pretendidas. E como não havia um trabalho continuado com as turmas, ao final da nossa ação não podemos avaliar a real evolução das turmas no que diz respeito ao tema.


HORA DO CONTO

A proposta de realizar a Hora do Conto também surgiu após o diagnóstico realizado no primeiro ano de trabalho dos alunos bolsistas dentro do IEEAB, como uma das questões levantadas na pesquisa era justamente o fato de a biblioteca infantil da escola estar fechada já há algum tempo, sem que os alunos pudessem ter acesso ao seu acervo e ao seu espaço. Nossa proposta consistia justamente em tornar essa biblioteca um lugar mais freqüentado pelas crianças, visando uma maior interação deles com os livros e com o ambiente. Para Kathia Vieira, o conto pode trazer aos que os ouvem, uma contribuição na formação do indivíduo, pois segundo ela “Em plena ‘era da globalização’ estamos nos tornando cada vez mais iguais, e ouvir uma história pode vir a valorizar nossa individualidade esquecida.” (VIEIRA, 2008. p.14)
Pensando nestas idéias de formação do indivíduo, de incentivo a leitura, e na inserção da linguagem teatral para as crianças, propomos à coordenação pedagógica do ensino fundamental, uma ação que seria ministrada para seis turmas (as três de 4°ano e as três de 5°ano), a primeira idéia era realizar ações quinzenais, cada semana com três turmas. A proposta inicial acabou mudando, dividimos as ações em dois semestres, no primeiro atendemos as turmas do 4°ano, e no segundo, as de 5°ano, realizando assim ações semanais.
Nossas atividades tinham como proposta principal, fazer a união entre o contar/ouvir histórias e a inserção de jogos teatrais, de improvisação e de expressão corporal e vocal com as crianças. Para este fim, buscávamos histórias diversificadas e sempre levávamos algum atrativo diferenciado para a narração, com o intuito de prendermos a atenção da turma e despertarmos o seu imaginário, já que tínhamos a intenção de que ao final da história eles participassem conosco da atividade prática que iríamos propor. Segundo Tiche Vianna e Márcia Strazzacappa (2009, p. 117):

A arte pertence ao ser humano, é uma de suas maneiras de se desenvolver, criar e recriar mundos. O exercício da imaginação proporciona um olhar diferenciado e distanciado da realidade, capaz de vasculhá-la, investigá-la e criar diferentes possibilidades de compreendê-la. Ao imaginarmos diferentes possibilidades de sermos, estarmos, agirmos etc., poderemos nos dedicar, no plano concreto à busca de outras maneiras, talvez melhores, de viver e, dessa forma, colocarmo-nos em movimento à procura de melhores alternativas de realização do que pretendemos.

Creio que ao despertar a imaginação de uma criança, incentivá-la a ler, a brincar e a interagir e passear entre o mundo de conto de fadas e a vida real pode gerar um crescimento intelectual, cultural e pessoal. Liberar a imaginação expressar-se corporal e verbalmente, relacionar-se e interagir com os colegas, desenvolver planos e meios para recriar e recontar as histórias ouvidas por elas acrescenta aprendizado e valores não só na sua formação acadêmica, como aluno, mas sim na sua formação pessoal, como indivíduo, como cidadão.
Em alguns encontros, a pedido da coordenação pedagógica, levamos histórias relacionadas a algumas datas comemorativas ou históricas ou mesmo que tivessem alguma relação com os temas propostos no calendário escolar, assim eles poderiam ainda criar as suas relações com os conteúdos trabalhados em sala de aula, afinal “A Pedagogia da Narrativa ensina que podemos ‘narrar para educar’. Podemos partir de uma narrativa para abordarmos várias disciplinas inseridas no currículo escolar.” (VIEIRA, 2008. p.14)


CONCLUSÃO

Foi uma pena o nosso projeto interdisciplinar ter encerrado com a sensação de que faltou alguma coisa. Como se tivesse ficado algo que não fizemos ou não exploramos. Creio que isso tenha acontecido apenas por não termos realizado uma atividade continuada, na qual poderíamos fazer uma real avaliação acerca do trabalho, se este foi ou não construtivo, se houve um ganho significativo nas turmas. No entanto, creio que alguma coisa sempre é acrescentada quando realizamos uma atividade, de uma forma ou de outra guardamos o que vivenciamos, e por menos que se demonstre no momento da aula se conteúdo foi ou não assimilado, a gente sempre leva alguma coisa pra vida da gente.
Digo o mesmo com relação ao trabalho com a Hora do Conto, tivemos vários problemas na execução do nosso cronograma e das nossas atividades, que foram desde problemas de comunicação entre equipe diretiva e professores, até aqueles com relação á falta de atenção e interesse dos alunos, dificuldades em controlar as turmas, em fazê-los interagir com os colegas e se entregar para o trabalho. Contudo, como disse anteriormente, creio que alguma coisa sempre fica, e a nossa semente foi plantada, se dará frutos eu não sei, mas em algum momento da vida dessas crianças essa vivência que elas tiveram fará a diferença.
Em se tratando das nossas atividades realizadas na escola, sinto falta de ter estado presente no primeiro ano de trabalho juntamente com os demais colegas, pois comecei meu trabalho já com algumas partes iniciadas, pois não participei de toda a investigação e estudo realizado na escola. Cheguei já num momento que se encaminhava para um trabalho com enfoque prático, mais concreto por assim dizer. Não que tenha sido uma experiência ruim, pelo contrário, participar do programa foi para mim uma experiência maravilhosa. Pude perceber o que realmente quero, e hoje tenho ainda mais certeza de que quero seguir dando aulas, quero seguir trabalhando de preferência com as crianças. Após este ano de trabalho dentro da escola, percebo a importância desde programa, PIBID, na formação do professor, pois como acadêmica do segundo ano de faculdade, cursando terceiro e quarto semestre, pude conhecer e vivenciar um pouco da realidade da escola, desse universo escolar e do contato com professores e alunos.




REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO


VIANNA, Tiche e STRAZZACAPPA, Márcia. Teatro na educação: reinventando mundos. In: FERREIRA, Sueli (Org.) O ensino das artes: construindo caminhos. 7. Ed. Campinas: Papirus, 2001.

VIEIRA, Kathia. Era uma vez... e conte outra vez – a arte de contar histórias e valores humanos. Campinas: Editora Komedi, 2008.


[1] Eram chamadas ações específicas as atividades desenvolvidas por cada uma das áreas do Pibid na escola. No caso do Pibid – teatro do IEEAB, realizamos oficinas de teatro com algumas turmas do ensino normal (magistério), em conjunto com as aulas de sociologia; as oficinas de teatro em turno inverso para o ensino médio e séries finais do fundamental, com o intuito de resgatar o grupo de teatro na escola, e a hora do conto para as turmas de 4° e 5° anos do fundamental.

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